Os dados de inflação ao consumidor divulgados recentemente mostram que o Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) deve reduzir a taxa básica de juros na reunião programada para o final deste mês – mas tudo indica que a medida ficará para o encontro a ocorrer em setembro.

O CPI (Consumer Price Index, na sigla em inglês) recuou 0,1% no mês de junho, contrariando a expectativa de mercado em torno da alta de 0,1%, enquanto o núcleo do indicador, que exclui os preços de alimentos e energia, atingiu variação positiva de 0,1%, pouco abaixo das expectativas de mercado e do resultado de maio.

Frente ao mesmo período do ano anterior, o headline do CPI avançou 3,0%, recuando frente ao comparativo anterior, quando sua variação ficou em 3,3%, enquanto no caso do núcleo, a variação foi de 3,3%, queda de 0,1 ponto percentual quando comparado do dado de maio.

Ao mesmo tempo, as rendas primárias e equivalentes aos proprietários – que tem estado no centro das preocupações do Fed ao longo dos últimos dois anos – começaram a desacelerar de uma forma a parecer sustentável, e os preços dos carros usados continuam em queda.

“A decisão certa seria começar a reduzir as taxas diretoras na próxima decisão, em 31 de julho”, afirma o jornalista Jonathan Levin.

“O Fed tem um duplo mandato para promover o emprego e preços estáveis, e os recentes desdobramentos deixam as taxas de juros reais apertadas, em uma altura em que o desemprego avança e o crescimento do emprego está dessa desacelerando. Os problemas do mercado de trabalho podem aumentar de forma rápida e imprevisível assim que começarem”, alerta o articulista.

Mesmo assim, Levin se diz “confiante” de que os responsáveis pela política monetária vão esperar os próximos passos para tomar uma decisão. “Os futuros dos fed funds implicam uma probabilidade de 8,5% de um corte em julho, mas 90% de probabilidade de redução em setembro”.

Embora o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha suas razões para esperar por mais fundamentos, Levin diz que seria necessário cortar os juros o quanto antes.

“Os decisores políticos sentem que já foram enganados pelos dados, e não querem tirar concussões precipitadas”, diz o articulista, citando declarações recentes de Powell em busca de “maior confiança” de que a inflação está evoluindo de forma sustentável em direção ao centro da meta de 2%.

“Powell está certo de que os riscos continuam, mas a elaboração de políticas está repleta de compensações e vale a pena sacrificar um mínimo de ‘confiança’ para proteger os empregos americanos”, diz o articulista.

Além disso, Levin afirma que os responsáveis pela política monetária dão pouco crédito aos mercados – “os investidores não precisam deste ritual de meses para compreender que as circunstancias mudaram e que chegou o momento de iniciar um ciclo de corte das taxas. Colocar os empregos americanos em risco em nome da manutenção desta tradição seria simplesmente errado”.

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Última Atualização: 13/07/2024