A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu na última quinta-feira (26) que os estados podem barrar clínicas de aborto da organização Planned Parenthood de receberem recursos do Medicaid, programa federal de assistência médica voltado para a população de baixa renda. A decisão foi aprovada por 6 votos a 3, gerando preocupação entre defensores dos direitos das mulheres. Essa medida representa um grave ataque ao acesso à saúde e aos direitos democráticos das mulheres norte-americanas, especialmente as mais pobres.
A Planned Parenthood é uma das maiores provedoras de serviços de saúde reprodutiva nos Estados Unidos, incluindo abortos, contracepção e exames de saúde preventiva. O corte de financiamento do Medicaid para essas clínicas pode resultar na exclusão de milhares de mulheres de um sistema de saúde já sobrecarregado, forçando-as a buscar alternativas perigosas ou a manter gestações indesejadas.
A decisão da Suprema Corte se insere em um movimento mais amplo de ataque ao direito ao aborto nos Estados Unidos, que tem sido progressivamente erodido em diversos estados após a derrubada da decisão Roe v. Wade. A repressão ao aborto e a restrição ao acesso a serviços de saúde reprodutiva não eliminam a prática, mas a empurram para a clandestinidade, colocando em risco a vida e a saúde das mulheres. O direito ao aborto deve ser uma revindicação central para as organizações de luta e para a esquerda, exigindo uma campanha ampla para que seja assegurado por lei, como um direito fundamental.