No último dia 18, encerraram-se as inscrições para as candidaturas à eleição do representante do funcionalismo do Banco do Brasil no Conselho de Administração da empresa (CA), para o biênio 2025/2027.

Uma questão que chama a atenção em relação à eleição é que um setor do movimento sindical enaltece o processo ao qualificar o funcionário eleito, afirmando que ele estará “exercendo plenamente todas as competências de membro do Conselho ao longo do seu prazo de gestão” e conclui que “o conselheiro eleito pelos empregados possui os mesmos deveres e responsabilidades dos demais conselheiros e que todas as suas decisões devem ser pautadas levando em consideração o estrito interesse da empresa, zelando pela sua independência em relação a interesses diversos”. (Site conte.org.br, 10/01/2025)

Primeiramente, vale ressaltar que a figura do Caref, como é chamado o Conselho, nada mais é do que uma nova edição, piorada, no Banco do Brasil, do antigo Garef (Gabinete de Representação do Funcionalismo do Banco do Brasil), criado em 1987 e extinto em 2002, no governo FHC.

O Garef, criado em 1987, também com assento no Conselho de Administração, tinha apenas direito a voz, sem direito a voto, com mandato de três anos.

A “nova” versão, ou seja, o Caref, consiste em que os funcionários do BB têm o seu “representante” dentro da empresa com um direito, também, extremamente limitado, quase inexistente. O Conselho de Administração é um órgão totalmente controlado pela empresa, desde a eleição até as tomadas de decisão. O Conselho de Administração, segundo o estatuto do Banco, é composto por sete membros escolhidos pela direção da empresa e pelo governo, ou seja, sete representantes diretos dos patrões, e mais um representante dos empregados. É claro que o representante do trabalhador não terá nenhuma função para as lutas dos trabalhadores, já que tem função restrita, imposta por lei, nas deliberações que configurem “conflito de interesse”. O fato de haver apenas um representante, o que é até ridículo, serve para manter sob controle o próprio representante e também todos os trabalhadores.

Como se vê, o mecanismo de participação dos trabalhadores nas instâncias superiores implantado nas estatais nada mais é que uma tentativa, por parte do governo, de criar uma válvula de escape para as insatisfações e para a disposição de luta de seus funcionários, procurando gerar ilusões.

Ao longo de todos esses anos, com a adoção da figura do Caref, que, quando ligado e apoiado pelo movimento sindical dos bancários, invariavelmente cumpre o papel de promover o “entendimento” entre os bancários e o banco, ou seja, a colaboração de classes, o que significa, na prática, convencer os bancários a abdicar de seus interesses.

Quando o representante possui vínculos com o movimento sindical dos bancários, deve-se cobrar e exigir que seja um combatente pelos reais interesses da categoria, e que diga não à política de colaboração com o governo, que é o patrão, neste caso.

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Last Update: 22/01/2025