Em entrevista à emissora libanesa Al Mayadeen na última quarta-feira (24), Muhammad Ali, representante do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no Líbano, destacou a importância estratégica da Declaração de Pequim e seu impacto nos planos norte-americanos e israelenses. O membro do partido que lidera a resistência palestina enfatizou que o acordo, que envolve várias organizações e partidos palestinos, respeita a resistência armada em Gaza e a revolta popular na Cisjordânia.

Segundo Muhammad Ali, o que levou ao acordo das facções palestinas e a assinatura da Declaração de Pequim foi a Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Esta operação foi considerada um avanço estratégico significativo, que fez a opinião pública global reconhecer os direitos do povo palestino.

Outro fato importante mencionado por Muhammad Ali é o genocídio e a guerra de fome que a ocupação sionista tem intensificado na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023. Essa situação acelerou o processo de unificação das forças palestinas, tornando inviável qualquer espaço para discussões pequenas como, por exemplo, o caráter ideológico da gestão em uma Palestina libertada – pois o que há é a ocupação inimiga. Sob a ótica da ocupação, inclusive, a Declaração de Pequim pode ser compreendida como uma resposta coordenada e unificada a esta agressão.

Muhammad Ali também apontou a tentativa norte-americana e israelense de estabelecer forças alternativas à Resistência Palestina na Faixa de Gaza como um terceiro motivo para o acordo. Ele explicou que há uma colaboração entre os Estados Unidos, “Israel” e países do Oriente Médio para criar forças árabes ou islâmicas, sob patrocínio internacional, que supervisionariam operações de ajuda e a reconstrução na Faixa de Gaza. No entanto, ele deixou claro que o povo palestino e a Resistência considerariam qualquer força estrangeira na Faixa de Gaza como uma “força de ocupação” e a tratariam como tal. Afinal, como a realidade já demonstrou, as ditas “operações de ajuda e reconstrução” não reconstroem nada além do potencial bélico dos inimigos sionistas.

Elogiando a Declaração de Pequim, Muhammad Ali afirmou que ela bloqueia esquemas e planos que servem aos interesses da ocupação israelense e que buscam estabelecer uma nova realidade oferecendo alternativas à Resistência Palestina na Faixa de Gaza, destacando que é um obstáculo significativo para essas tentativas de minar a Resistência feitas pelos imperialistas.

O acordo delineado na Declaração de Pequim inclui uma fase transitória até a eleição de um Conselho Nacional Palestino e a formação de um governo palestino. Também inclui a coordenação de reuniões do quadro de liderança unificada, que reúne todos os secretários gerais das facções palestinas. Esse quadro de liderança atuará como garantidor para delinear e agendar os termos acordados na Declaração de Pequim.

O representante no Líbano ressaltou o papel da China como garantidora deste acordo, mencionando que a China acompanhará de perto os secretários gerais dos partidos palestinos e todas as partes necessárias envolvidas no processo. Além disso, destacou a importância do envolvimento de países como Egito e Argélia, que têm patrocinado diálogos e esforços de reconciliação no passado.

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Última Atualização: 25/07/2024