Após séculos de opressão, exploração e resistência, mulheres negras reivindicam reparações históricas concretas: terra, moradia, trabalho, saúde, educação e dignidade. Contra o racismo, o machismo e o capitalismo.
A história do Brasil é marcada pelo sangue, suor e luta das mulheres negras. Elas foram escravizadas, exploradas, violentadas e empobrecidas. Mas nunca silenciaram. Agora, exigem reparações históricas reais, não promessas vazias. Veja as propostas e entenda por que o capitalismo não tem nada a oferecer. A luta é pela vida e por um futuro socialista.
As mulheres negras são o alicerce da história do Brasil. Desde o tráfico de africanos sequestrados, passando pelos séculos de escravidão, até os dias atuais, são elas que sustentam a vida em meio à miséria, à violência e à exploração. E é por isso que as reparações históricas devem começar por elas.
O Brasil traficou cerca de 4 milhões de africanos. Não há dados exatos sobre quantas eram mulheres, mas sabemos: foram submetidas a trabalho forçado nas lavouras, no trabalho doméstico, sofreram torturas, estupros, e foram impedidas de exercer a maternidade. Após a abolição formal, nunca tiveram acesso à terra, educação ou moradia — uma exclusão que se mantém até hoje.
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Trabalho precário, salário baixo e violência cotidiana
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em levantamento de 2023, 65% das trabalhadoras domésticas são mulheres negras. Têm mais de 40 anos e recebem, em média, menos de um salário mínimo. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 6,8 milhões de lares são chefiados por mulheres negras. Apesar disso, são elas as que mais sofrem com as reformas trabalhista e previdenciária, a terceirização e os serviços precarizados.
A violência estrutural também se expressa no encarceramento: 62% das mulheres presas são negras. A maioria foi enquadrada pela Lei de Drogas, sem critério legal para diferenciar usuárias de traficantes — critério esse que recai sobre a cor da pele. O resultado: prisões cheias de mulheres pobres, negras, jovens e com baixa escolaridade
Feminicídio e genocídio: Guerra silenciosa contra as mulheres negras
São elas também as maiores vítimas de feminicídio — 62% dos casos, segundo a Anistia Internacional. Morrem em suas casas, por seus parceiros, abandonadas por um Estado que não investe em abrigos, delegacias da mulher, ou equipes especializadas. Seus filhos, irmãos e companheiros são alvos da violência policial e do tráfico, ambos frutos do mesmo sistema racista e capitalista.
O caso de Mãe Bernadete, quilombola assassinada na Bahia, é emblemático: foi morta por denunciar o tráfico e exigir justiça pelo filho assassinado. Esse é o cotidiano nas periferias do Brasil — onde a vida negra não vale nada para os poderosos.
Reparações históricas já! Chega de migalhas e promessas
Reparar a história com medidas concretas:
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- Demarcação de todos os territórios quilombolas com assistência técnica, infraestrutura e políticas de desenvolvimento pleno.
- Plano nacional de moradia popular para a população negra, com prioridade às mulheres que vivem em favelas, ocupações e áreas de risco. O oposto do que fazem Tarcísio e Nunes em São Paulo, ou do programa Minha Casa Minha Vida, que exclui os mais pobres.
- Creches, escolas públicas, teatros, praças, bibliotecas, clubes e espaços de cultura e arte para crianças e jovens negros.
- Hospitais, maternidades e postos de saúde estruturados nos bairros de maior concentração de mulheres negras.
- Transporte público gratuito e de qualidade, começando pelas periferias.
- Redução da jornada de trabalho: fim da escala 6×1 e emprego pleno com aumento do salário e direitos garantidos.
- Segurança pública sob controle popular nos territórios negros — não é mais aceitável que mães negras tenham que visitar seus filhos nas cadeias ou enterrá-los por culpa da violência policial.
- Redução dos preços dos alimentos e do gás de cozinha! Não há reparação com fome.
Contra o arcabouço fiscal: Pelo arcabouço social!
Tudo isso é possível se rompermos com o Arcabouço Fiscal do governo Lula, que tem apoio da extrema direita e da burguesia. Enquanto banqueiros e empreiteiras enriquecem, o povo negro segue morrendo. Por isso, defendemos um Arcabouço Social, que coloque no centro as necessidades da classe trabalhadora e não os lucros dos ricos.
Sabemos que Lula não fará isso. Ele governa com e para os capitalistas. Portanto, devemos nós, mulheres negras, trabalhadoras e trabalhadores, tomar em nossas mãos o que é nosso por direito e de fato.
Pela soberania do Brasil
Não podemos deixar nossos destinos nas mãos dos imperialismos, e nem na burguesia covarde como a brasileira e não temos a ilusão de que Lula será consequente, por isso, tomemos em nossas mãos, independentes e nas ruas, dizer a Trump: tire as mãos do Brasil!
Por uma nova sociedade: socialista, livre e igualitária
Reparações não são caridade. É o pagamento do devido. Mas mais do que isso: precisamos de uma nova sociedade. O capitalismo já nos provou que não tem nada a oferecer. É tempo de construir, com organização e luta, uma alternativa socialista, onde possamos viver com dignidade, liberdade e igualdade.
Vamos seguir o exemplo de Dandara, Luiza Mahin, Tereza de Benguela e tantas outras que nunca abaixaram a cabeça.
Reparação é luta. Reparação é revolução socialista.
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