Reparação: em cerimônia histórica na ALMG, familiares de vítimas da ditadura recebem certidões de óbito revisadas

Uma audiência pública histórica, requerida pela presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Bella Gonçalves, e pela deputada Leninha, 1ª-vice-presidenta da ALMG, vai entregar certidões de óbito revisadas para familiares de 63 pessoas que foram assassinadas pelo Estado Brasileiro durante a ditadura militar.

A cerimônia, que será a primeira entrega coletiva de documentos revisados do país, ocorrerá a partir das 16h desta quinta-feira (28/08), no Auditório José Alencar Gomes, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O evento será simbólico em várias dimensões, tendo em vista que o dia 28 de agosto marca os 45 anos de promulgação da Lei da Anistia (de 1979), considerada um dos marcos do fim da ditadura militar no Brasil e da redemocratização nacional. Além disso, o dia 30 de agosto é Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados.

Presenças

Além dos familiares das vítimas, vão estar presentes integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que inclui Vera Silvia Facciolla Paiva, que é filha do ex-deputado federal Rubens Paiva, sequestrado, torturado e assassinado por militares em 1971. Sua história foi retratada no filme “Ainda Estamos Aqui”, que venceu três categorias do Oscar deste ano (Melhor Filme Internacional, Melhor Filme e Melhor Atriz). O longa metragem nacional relata a luta da advogada Eunice Paiva na busca por uma certidão de óbito do marido, cujo corpo nunca foi encontrado. A CEMDP foi encerrada por Bolsonaro e Lula conseguiu retomá-la em agosto de 2024.

Também vão participar da cerimônia membros do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, a presidenta da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Eugênia Gonzaga, e diversos outros integrantes da Comissão, como a deputada federal Natália Bonavides (PT/RN).

Reparação

A nova regulamentação determina que as certidões de óbito das pessoas mortas ou desaparecidas durante a repressão política da ditadura devem registrar como causa da morte: “Morte não  natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”.

“Essa medida representa um marco na reparação histórica e no reconhecimento oficial das violações cometidas pelo Estado brasileiro durante o período ditatorial”, afirmam as deputadas Bella Gonçalves e Leninha.

A certidão de óbito do ex-deputado federal Rubens Paiva foi corrigida no dia 23 de janeiro de 2025, mesmo dia em que o filme Ainda Estou Aqui foi indicado ao Oscar. A versão anterior da certidão de óbito de Rubens Paiva, emitida em 1996, afirmava apenas que ele foi considerado desaparecido desde 20 de janeiro de 1971.

As deputadas que solicitaram a reunião lembram que o filme mostra a luta de Eunice Paiva pela obtenção da certidão de óbito do marido: “assim como ela, centenas de outras famílias aguardam há décadas o reconhecimento formal da verdade sobre seus entes queridos. A retificação das certidões de óbito não é apenas um ato administrativo – é um gesto de reparação histórica”,  afirmam.

Para Leninha e Bella Gonçalves, ao reconhecer oficialmente a responsabilidade do Estado pelas mortes e desaparecimentos, o Brasil reafirma seu compromisso com os direitos humanos e com a reconstrução da memória nacional. “Para as famílias, o novo documento representa o reconhecimento da verdade, da dor e da dignidade de quem foi silenciado pela repressão”, concluem as duas parlamentares.

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