As equipes de buscas concluíram, no sábado 10, o resgate dos corpos das 62 vítimas do desastre aéreo em Vinhedo (SP), segundo informou o governo de São Paulo. Familiares das vítimas se reuniram, no domingo 11, na unidade central do IML (Instituto Médico-Legal) de São Paulo para a identificação e liberação dos corpos.
A aeronave caiu na tarde de sexta-feira 09, ao fazer o trajeto de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP), vitimando todos os 58 passageiros e 4 tripulantes. A companhia aérea, Voepass, havia contado 61 vítimas inicialmente, mas corrigiu o número no sábado. Ao todo, 34 corpos masculinos e 28 femininos foram retirados do local da tragédia.
A empresa disse que quase todas as vítimas estavam viajando com documentos de identidade brasileiros. Uma mulher tinha dupla cidadania portuguesa, e havia também uma família de três venezuelanos.
O piloto, Danilo Santos Romano, e seu copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva, foram os primeiros a serem identificados, por meio das impressões digitais.
Especialistas do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) começaram a analisar duas caixas-pretas recuperadas dos destroços, contendo conversas de cabine e dados de voo, disse o chefe do centro, Marcelo Moreno.
A aeronave caiu no quintal de uma casa em um condomínio de Vinhedo, um local de fácil acesso, o que facilitou a retirada dos restos mortais e das caixas-pretas.
Um relatório preliminar sobre a investigação está previsto para ser concluído em 30 dias, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB). A análise das caixas-pretas pode dar detalhes sobre o funcionamento da aeronave e fatores humanos que podem ter provocado a queda.
Dois inquéritos policiais foram abertos. Um será conduzido pela Polícia Civil de Vinhedo e outro pela Polícia Federal.
Avião passou por manutenção de rotina
De acordo com o site Flight Radar 24, o avião voou por cerca de uma hora a 5.180 metros, até as 13h21, quando começou a perder altitude vertiginosamente. O contato com o radar foi perdido às 13h22, informou a Força Aérea. Em nenhum momento a tripulação declarou emergência ou estava sob condições climáticas adversas, segundo a corporação.
O diretor de operações da Voepass, Marcel Moura, disse que a aeronave havia passado por manutenção de rotina na noite anterior ao acidente e que “nenhum problema técnico” havia sido encontrado.
O avião, em uso desde 2010, estava em conformidade com os padrões atuais, disse a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), acrescentando que os quatro membros da tripulação eram todos totalmente certificados.
Especialistas sugeriram que a formação de gelo nas asas do avião pode ter sido a causa do acidente.
A ATR, subsidiária conjunta da gigante europeia Airbus e da italiana Leonardo, que construiu o bimotor turboélice, disse que seus especialistas ajudarão na investigação.
Esse foi o pior desastre aéreo de grande porte no Brasil em 17 anos. Em 2007, um Airbus A320 da companhia aérea brasileira TAM ultrapassou a pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e se chocou contra um depósito, matando todos os 187 passageiros a bordo e 12 funcionários da pista.