A Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos, Francesca Albanese um relatório que identifica multinacionais acusadas de apoiar financeiramente as operações militares israelenses em Gaza e na Cisjordânia. O documento foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta quinta-feira 3.
Albanese acusa corporações de diversos setores — fabricantes de armamentos, gigantes da tecnologia, instituições financeiras, construtoras e até universidades — de integrarem uma rede que alimenta o que ela descreve como uma “campanha genocida”. Ela afirma que as empresas estão “financeiramente ligadas ao apartheid e ao militarismo de Israel”.
Entre os alvos citados estão Lockheed Martin e Leonardo S.p.A, produtoras de aeronaves militares, além de Caterpillar e Hyundai, fornecedoras de maquinário usado em demolições nos territórios palestinos.
No setor tecnológico, Alphabet (dona do Google), Amazon, Microsoft e IBM são descritas como “centrais para o aparato de vigilância de Israel e a destruição em curso em Gaza”. A Alphabet possui um contrato de 1,2 bilhão de dólares com o governo israelense, embora negue uso militar. A Palantir Technologies também é mencionada por fornecer ferramentas de IA às Forças Armadas israelenses.
No setor financeiro, o BNP Paribas e o Barclays estão entre os bancos que subscreveram títulos do Tesouro israelense durante a escalada do conflito. Israel expandiu seu orçamento de defesa de 4,2% para 8,3% do PIB entre 2022 e 2024, emitindo 8 bilhões de dólares em março de 2024 e 5 bilhões em fevereiro de 2025. Essas instituições financeiras foram cruciais para o processamento desses títulos
Até redes de varejo como Carrefour e a transportadora AP Moller–Maersk aparecem no relatório. Plataformas de turismo como Booking.com e Airbnb são citadas por manter operações nos territórios ocupados.
Albanese ressalta que o levantamento é apenas parcial: “A cumplicidade exposta no relatório é a ponta do iceberg. Isso não terminará sem responsabilizar o setor privado, incluindo seus executivos”, disse.
A missão diplomática de Israel na ONU rejeitou as acusações, classificando o relatório como “juridicamente infundado, difamatório e um abuso flagrante de autoridade”. O gabinete do primeiro-ministro e o Ministério das Relações Exteriores israelense não comentaram.