O secretário-geral da ONU, João Pedro, emitiu um alerta global sobre a rápida elevação do Oceano Pacífico, destacando que cidades brasileiras como Rio de Janeiro e a praia de Atafona, em São João da Barra (RJ), serão diretamente afetadas em uma “catástrofe mundial”.
Segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (27) pela organização, o nível do mar nessas regiões subiu 13 centímetros nos últimos 30 anos, e a previsão é que até 2050 o aumento possa chegar a 21 centímetros, com uma média de 16 centímetros.
“Em todo o mundo, o aumento do nível do mar tem um poder incomparável de causar estragos nas cidades costeiras e devastar economias litorâneas. Os líderes globais precisam agir: reduzir drasticamente as emissões globais; liderar uma transição rápida e justa para o fim dos combustíveis fósseis; e aumentar massivamente os investimentos em adaptação climática para proteger as pessoas dos riscos presentes e futuros”, explicou João Pedro
O aumento do nível do mar está diretamente ligado ao aquecimento global, que causa o derretimento das calotas polares. Conforme as temperaturas aumentam, o gelo derrete, resultando na elevação dos oceanos. As ilhas do Pacífico são especialmente vulneráveis, pois as temperaturas nas águas dessa região estão subindo mais rapidamente que a média global.
Com uma elevação média de apenas um a dois metros acima do nível do mar, cerca de 90% da população dessas ilhas vive a menos de 5 quilômetros da costa, e metade da infraestrutura está localizada a apenas 500 metros do mar.
O relatório da ONU também alerta para os riscos adicionais que as cidades costeiras enfrentam devido ao aumento do nível do mar. Além das marés de tempestade e ondas amplificadas, o afundamento local do solo, causado por atividades humanas como a construção de barragens e a extração de água subterrânea e combustíveis fósseis, também aumenta os riscos de inundações.
Essas condições podem causar danos significativos à infraestrutura, intrusão de água salgada em aquíferos e rios, recuo da linha costeira e mudanças nos ecossistemas e setores econômicos costeiros.
Os cientistas apontam que os impactos do aumento do nível do mar não se limitarão às áreas costeiras. O deslocamento forçado de populações e a migração induzida pelo clima podem levar a movimentos populacionais para o interior. Além disso, a perda de atividades econômicas, como pesca e agricultura, e danos a portos, pode comprometer seriamente os sistemas alimentares globais.
Pequenos aumentos no nível do mar podem aumentar drasticamente a frequência de inundações costeiras. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Climate Impact Lab (CIL), a extensão das inundações costeiras aumentou nos últimos 20 anos devido à elevação do nível do mar, o que significa que 14 milhões de pessoas a mais em todo o mundo agora vivem em áreas costeiras com uma chance significativa de sofrer inundações.
A frequência de eventos extremos de elevação do nível do mar, embora rara atualmente, está projetada para aumentar substancialmente nas próximas décadas.
De acordo com o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, um evento extremo de elevação do nível do mar que ocorre uma vez a cada 100 anos, em média global, poderá ocorrer uma vez a cada 30 anos até 2050, e uma vez a cada 5 anos até 2100. Esses eventos podem se tornar ainda mais frequentes, ocorrendo mais de uma vez por ano até 2100, caso o aquecimento global atinja 4,4°C.
Estudos recentes também projetam que inundações menores, que ocorrem anualmente, poderão acontecer quase diariamente em várias regiões do mundo com uma elevação de 0,7 metros no nível do mar.