Foi tornado público um documento sigiloso brasileiro, enviado pelo Ministério da Defesa à Câmara dos Deputados, que expõe detalhes críticos sobre as estratégias e prontidão das Forças Armadas brasileiras. O ofício é uma resposta a uma série de questionamentos feitos pelo deputado federal Luiz Felipe de Orleans e Bragança (PL), quanto às capacidades de defesa do Brasil, especificamente em relação ao Estado de Roraima, no episódio das tensões entre a Guiana e a Venezuela.
Confira abaixo algumas das perguntas feitas pela Câmara dos Deputados e as respostas do Ministério da Defesa contidas no documento compartilhado pelo portal Sociedade Militar.
Pergunta 1: “Os serviços de inteligência militares estão atentos e avaliando a evolução dos acontecimentos?”
Resposta 1: “A atividade de inteligência de Defesa se empenha na captura da realidade e identificação de ameaças a fim de produzir conhecimentos que possam orientar o emprego do Poder Militar, conforme se observa nas recentes mobilizações de tropas e meios do Exército Brasileiro para o Estado de Roraima.”
Aqui, a Defesa está se referindo especificamente aos serviços de inteligência das Forças Armadas, e não à ABIN, como explica o portal.
Pergunta 2: “Como a pasta avalia as possibilidades de progressão das forças venezuelanas?”
Resposta 2: “Não foram observadas movimentações anormais de tropas de ambos os países nas proximidades de nossas fronteiras.”
Pergunta 3: “Como a Defesa avalia a possibilidade das Forças Mecanizadas e Blindadas da Venezuela contornarem os terrenos alagadiços através do norte de Roraima para atingirem rapidamente seus objetivos?”
Resposta 3: “As Forças Armadas estão posicionadas estrategicamente e em estado de permanente prontidão. A ideia de reforçar as guarnições de Roraima já estava prevista, uma vez que a região apresenta diversos problemas como garimpo ilegal e crimes transnacionais.”
Pergunta 4: “Como a inteligência Militar avalia a capacidade real de combate da Venezuela? Quantos caças prontos para uso? Qual a disponibilidade dos S-300? Qual o nível de treinamento de pessoal? Considerando as capacidades estimadas da Venezuela, como a Defesa Nacional pretende garantir a inviolabilidade do território nacional?”
Resposta 4: As Forças Armadas e a Guarda Nacional Bolivariana têm capacidades suficientes para cumprir tarefas de segurança interna e proteção do regime, a despeito dos desafios econômicos, baixa disponibilidade de equipamentos e níveis de treinamento com restrição. Há pouca capacidade logística para apoiar missões fora do país. O equipamento é relativamente moderno e grande parte oriundo da China e da Rússia. Recentemente foram renovados, mas com pouca robustez, acordos na área de manutenção e modernização de meios.
A Defesa conclui sua resposta dizendo que a Venezuela possui quinze caças F-16 e vinte e um caças Sukhoi Su-30 operacionais, e dois sistemas de artilharia antiaérea de grande altitude, S-300.
Pergunta 5: “Um Batalhão de Infantaria de Selva e um grupo de artilharia de campanha em Roraima não parecem ser suficientes para deter o avanço blindado venezuelano. Qual o plano de contingência para reforço daquela região? Existem aeronaves e navios suficientes para deslocar tropas e equipamentos para a região? Existem planos para deslocamento de tropas por terra? Especificamente quanto às forças de emprego rápido do Exército, qual é o efetivo e tempo mínimo para desdobrar na área em questão? Qual é a melhor maneira de se contrapor aos T-72? Existe previsão de armamento anti-carro e minas anti-carro? Qual a ideia de dissuasão ao se anunciar 20 blindados leves Guaicurus para Roraima?”
Resposta 5: “As Forças Armadas estão posicionadas estrategicamente e em estado de prontidão, a fim de cumprir suas respectivas missões constitucionais de garantir a soberania do território nacional…”, respondeu a Defesa, de maneira mais contida e rasa.
Para conferir o documento com todas as perguntas e respostas completas, acesse o documento aqui.