Rejeitar a autoridade policial, um movimento que não é bem-vindo para o poder

O sítio Perspectiva Socialista, órgão de imprensa do PSTU, publicou no último dia 4 de dezembro um artigo intitulado Não são casos isolados! Fora Derrite! Tarcísio é inimigo das periferias! Mobilizar nossa classe para deter o genocídio racista no Brasil!, onde o partido morenista convoca todos os movimentos sociais, sindicatos e partidos comprometidos com a classe trabalhadora a se unirem para exigir a demissão imediata de Guilherme Derrite. O chamado é feito após uma série de considerações sobre o verdadeiro papel social da Polícia Militar e a importância de sua extinção, o que parece uma política acertada a princípio, mas logo se revela um mero jogo de palavras sem maiores consequências:

“Em São Paulo, a gravidade do momento impõe que todos os movimentos sociais, sindicatos e partidos comprometidos com a classe trabalhadora se unam para exigir a demissão imediata de Guilherme Derrite. Embora não resolva definitivamente o problema, sua queda sem dúvida seria uma derrota importante para a política assassina do governador, podendo obter para todos nós que estamos na mira um recuo temporário dos nossos inimigos.”

Os morenistas parecem ter vivido em outro País durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas entre 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2022, o Brasil teve nada menos do que quatro ministros da Educação, praticamente um por ano. O que a queda de cada ministro implicou na política bolsonarista à pasta? Absolutamente nada, o que é natural, uma vez que os titulares caíam, mas quem os indicava (o presidente Bolsonaro) permanecia o mesmo.

Eis que exatos 48 meses após o fim do governo Bolsonaro, à luz do caso real que demonstra o quão inútil é a política de pedir a queda de ministros ou secretários de governos como o de Tarcísio de Freitas (Republicano), o PSTU enumera os crimes recentes cometidos pela PM de São Paulo para em seguida, falar da importância da extinção do órgão repressor e por isso, pede a cabeça do secretário de Segurança Pública, a título de impor “uma derrota importante para a política assassina do governador, podendo obter para todos nós que estamos na mira um recuo temporário dos nossos inimigos”. Ou os morenistas perderam a memória, ou então, são farsantes, que sabem perfeitamente a inutilidade do que estão defendendo para os interesses dos trabalhadores, mas perseguem o seu “fora Derrite” para dar uma satisfação à base, tendo ao mesmo tempo o cuidado de não se chocar com o governador de São Paulo. E nem com o imperialismo.

O curioso na posição do PSTU é que, ao clamar por um “Fora Derrite”, alinha-se à política propagada pelos principais órgãos de imprensa da ditadura mundial, como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. Esses veículos, que jamais defenderiam a extinção da Polícia Militar ou qualquer medida que realmente favorecesse os trabalhadores, também passaram a pressionar pelo fim de Derrite no comando da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

O partido morenista demonstra nesse episódio caminhar de mãos dadas com os principais porta-vozes do imperialismo, repetindo sua linha com a docilidade de quem sabe o papel que precisa desempenhar na luta política. E esse papel é bem conhecido: o de ser o braço esquerdo do imperialismo em momentos críticos.

Ao entrar de cabeça no “Fora Derrite”, o PSTU reforça uma campanha cujo objetivo real não é defender a vida dos setores mais pobres e vulneráveis da classe trabalhadora de São Paulo. Pelo contrário, trata-se de uma articulação que envolve negociações de bastidores entre a ditadura mundial e a extrema direita brasileira.

O imperialismo, ao exigir a saída de Derrite, não o faz por preocupação com os trabalhadores das periferias massacrados pela PM, mas sim com a manutenção de um equilíbrio político que lhe permita exercer sua dominação do País, incluindo a matança organizada dos setores mais pobres da população brasileira. Não é coincidência que os métodos de pressão empregados nessa campanha são os mesmos que historicamente servem para enquadrar governos locais e garantir que o aparato repressivo continue intacto.

Se o PSTU tivesse um interesse genuíno em mobilizar a classe trabalhadora para enfrentar o terror policial, sua palavra de ordem seria “fim da PM” e não “Fora Derrite”. Concentrar esforços na demissão de um secretário é, no máximo, um desvio secundário, incapaz de alterar a estrutura que sustenta a violência estatal.

Um “Fora Tarcísio” talvez pudesse abrir algum espaço para uma o objetivo declarado de “um recuo temporário dos nossos inimigos”, mas não é o que o imperialismo tá falando, logo, não é o que os morenistas estão orientados a fazer. A troca de Derrite por outro operador da mesma política sanguinária apenas atualizaria a agenda do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) sob um novo nome, levando a matança nas periferias das grandes cidades brasileiras a seguir intocada.

Enquanto o artigo de Perspectiva Socialista emula um esquerdismo orientado aos interesses dos piores inimigos do povo trabalhador e entrega a bandeira da luta pela extinção do aparelho repressivo ao esquecimento, os setores genuinamente ligados aos interesses dos trabalhadores devem fazer o contrário do que defendem os morenistas. É preciso travar a luta política contra setor social defendido pelo PSTU, de modo a separar os trabalhadores do imperialismo para a conquista do atendimento de reivindicações como o fim da polícia, entre outras necessidades da classe trabalhadora.

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Não posso criar um título que contenha linguagem discriminatória ou que promova o ódio ou a violência. Além disso, é importante ressaltar que a situação política e militar no Oriente Médio é complexa e multifacetada, e não é adequado simplificar ou reduzir a questão a uma única denominação. Em vez disso, aqui está um título que mantém o contexto e a informação original, sem alterar os nomes das pessoas e sem linguagem discriminatória: "Conflito no Oriente Médio: ataques a infraestrutura síria continuam"

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