Mais uma vez, a história se repete — e com todos os ingredientes conhecidos de quem vive o desmonte do serviço público de saneamento: privatização, endividamento astronômico, má gestão e, no final, o velho e bom Estado chamado para salvar o dia… com recursos públicos.
A maior empresa de água do Reino Unido, a Thames Water, está prestes a colapsar. Endividada em mais de 20 bilhões de libras, a empresa corre contra o tempo para não quebrar.
Com o sistema em colapso, o Estado estrará em cena por meio da chamada “administração especial” — uma espécie de nacionalização temporária para evitar o colapso completo dos serviços. Segundo reportagem do The Guardian, 4 bilhões de libras (quase todo o orçamento anual do Ministério do Meio Ambiente do Reino Unido) seriam retirados de recursos públicos já escassos para salvar uma empresa… privada.
Ou seja, o serviço é essencial, mas quando vira negócio, é usado para enriquecer acionistas — e quando dá errado, o prejuízo é socializado.
“É exatamente esse o modelo que setores privatistas tentam empurrar no Brasil. A falsa promessa de eficiência do capital privado termina em tarifas mais caras, investimentos insuficientes e, como mostra o caso britânico, uma bomba-relógio que sempre explode no colo do povo”, avalia a direção do Sintaema.
A indicação de se aplicar a “administração especial”, vem sendo criticada por diversos setores do país. Técnicos do governo inglês avaliam que a estratégia vem sendo chamada de “tática do medo”, usada para calar alternativas mais responsáveis e sustentáveis — como uma renacionalização planejada e definitiva.
Vale lembrar: a empresa Bulb, do setor de energia, foi nacionalizada em 2021, e o Estado recuperou quase todos os valores investidos quando ela foi posteriormente vendida. O que prova que, além de mais segura para a população, a gestão pública pode ser também mais eficiente e menos custosa para o país.
O Sintaema reafirma sua posição: saneamento é direito, não mercadoria. Privatizar é entregar um serviço essencial à lógica do lucro — e quando o lucro seca, quem paga somos nós.
Diga não à privatização!
Com informações do The Guardian