Paulinho da Viola fez uma turnê para celebrar seus 80 anos, celebrados em 12 de novembro de 2022, e lançou em maio do ano passado um registro audiovisual de um dos shows de sua excursão comemorativa, no Rio de Janeiro.
O projeto chega nesta sexta-feira 24 às plataformas de streaming. Intitulado Paulinho da Viola – 80 Anos, é resultado de uma parceria com a Som Livre.
Paulinho abre o show tocando em uma caixa de fósforo o seu samba inédito Ele. Segue na caixa acompanhado do violão do filho, João Rabelo, e canta Samba Original (Zé Keti e Elton Medeiros), gravada em seu primeiro disco, feito com Elton Medeiros e lançado em 1968.
Depois, Eu Canto Samba, primeira obra-prima do autor apresentada no registro. A seguir, uma sessão de histórias de Paulinho da Viola sobre o papel da caixa de fósforo no samba e o contato com Zé Keti e Elton Medeiros.
Na sequência, Nas Ondas da Noite (Paulinho da Viola). Ele volta a citar Elton Medeiros e toca o samba que mais aprecia da parceria: Onde a Dor Não Tem Razão.
A sexta música é Coisas do Mundo, Minha Nêga (Paulinho da Viola). Depois, nova sessão de histórias, agora de sua chegada à Portela, no fim de 1964. Lá, conheceu o samba-exaltação Passado de Glória (Monarco), que ele interpreta no palco.
Ele também conta uma longa história com Hermínio Bello de Carvalho, sua parceria em Sei Lá, Mangueira, música que Paulinho tentou retirar de um festival por ser à época o presidente da ala de compositores da Portela. Não deu tempo, e o samba virou um dos hinos mangueirenses.
Antes de cantar Acontece, Paulinho relata seu contato com Cartola, autor da música. Um momento emocionante, com interpretação acompanhada do piano de Adriano Souza.
Ele canta de Lupicínio Rodrigues a música Nervos de Aço, gravada no antológico disco de 1973 que leva o nome da canção. Depois, outra obra-prima de Paulinho: Sinal Fechado, com uma instrumentação que traz a dramaticidade.
A seguir, outras canções do sambista: Roendo as Unhas e Dança da Solidão, esta eternizada por Marisa Monte.
A filha Beatriz Rabelo passa a dividir o palco com Paulinho e canta Na Linha do Mar, sucesso na voz de Clara Nunes. Os dois ainda interpretam Bloco do Amor, música de Paulinho da Viola e faixa-título do disco de Beatriz lançado em 2016.
Antes de cantar Coração Imprudente, Paulinho fala do primeiro encontro com o gigante poeta baiano Capinan, em 1966. Trata-se do parceiro dele nessa música.
Depois, uma sequência de sucessos só de Paulinho da Viola: Pecado Capital, Coração Leviano, Argumento e Bebadosamba – esta é de seu último disco de inéditas, de 1996. Ele ainda canta outra canção desse álbum: Timoneiro (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho).
Por fim, como esperado, a descrição emotiva do sambista sobre a escola de seu coração — e de todos os devotos do samba: Foi um Rio que Passou em Minha Vida.
Paulinho da Viola alterna entre o cavaquinho e o violão no show gravado. Além dos já citados, tocam nessa apresentação Mario Sève (sopros), Dininho (baixo), Ricardo Costa (bateria), Esguleba (percussão) e Celsinho Silva (pandeiro).
Quem ouvir esse registro do sambista e não se emocionar “é ruim da cabeça ou doente do pé”.