A reforma tributária, aprovada em 2023, trará transformações importantes para o varejo brasileiro.
Esse setor, caracterizado por sua alta capilaridade e volume de transações, deve sentir os impactos diretamente nas operações e no planejamento.
Paulo Zirnberger, CEO da Omnitax, destaca que a simplificação pode facilitar a gestão fiscal das empresas. Ele comenta: “O sucesso da transição dependerá de uma implementação cuidadosa e da mitigação de impactos para pequenos comerciantes e consumidores.”
Fim da cumulatividade reduz a carga tributária
Com a extinção de impostos cumulativos, espera-se que os pequenos e médios varejistas tenham um alívio na carga tributária.
Essa mudança possibilitará que créditos tributários sejam recuperados com maior facilidade, simplificando a cadeia de produção e distribuição.
Além disso, a maior transparência na apuração dos tributos permitirá um planejamento financeiro mais eficiente para os varejistas.
Split payment impactará o fluxo de caixa
Um dos principais desafios será a adoção do sistema de split payment, que tornará a arrecadação de tributos automática e em tempo real.
Segundo a Omnitax, essa alteração pode aumentar o ciclo de caixa do varejo em até 45 dias. Isso resultará em uma redução de R$ 300 bilhões no capital de giro ao longo de um ano.
Essa situação é ainda mais preocupante diante de um cenário de juros altos e margens de lucro reduzidas, que exigem mais recursos financeiros das empresas.
Definição de alíquotas preocupa setores específicos
A definição das alíquotas também é motivo de preocupação para os varejistas.
Setores como o alimentício temem que a unificação do IVA encareça produtos básicos, diminuindo o poder de compra da população. Isso pode impactar negativamente as vendas e aumentar a informalidade no mercado.
Além disso, as mudanças na partilha do imposto entre estados e municípios podem gerar incertezas sobre o impacto no custo final para os consumidores.
E-commerce pode ganhar competitividade com a uniformização
Apesar dos desafios, a reforma também traz oportunidades para o comércio eletrônico.
A uniformidade das regras fiscais entre estados reduzirá barreiras, beneficiando o e-commerce. Essa mudança pode estimular o crescimento do varejo online, que vem ganhando espaço no mercado.
No entanto, é necessário equilibrar as condições entre o comércio físico e digital, evitando disparidades que possam prejudicar o setor como um todo.
Adaptação exige investimentos em tecnologia e treinamento
A adaptação às novas regras tributárias demandará investimentos significativos em tecnologia e capacitação.
O período de transição, que vai de 2026 a 2033, será desafiador, especialmente para os pequenos varejistas.
Zirnberger alerta que o governo precisará oferecer suporte técnico e financeiro para garantir que essas empresas se mantenham competitivas. Segundo ele, esse apoio será essencial para que todos tenham acesso às novas oportunidades do mercado.