A implementação da Reforma Tributária já começou a movimentar o ambiente de negócios no Brasil. Com o início da transição previsto para 2026, empresas de todos os portes precisam se preparar. No caso das mulheres empreendedoras, o desafio é ainda maior.
Segundo dados nacionais, a receita mediana anual dos Microempreendedores Individuais (MEIs) do gênero masculino é de R$ 77,3 mil. Entre as mulheres, esse valor cai para R$ 58,5 mil. A diferença representa uma defasagem de 32%.
Esse cenário amplia a preocupação sobre os impactos da Reforma Tributária. A criação da categoria de nanoempreendedor, com isenção de novos tributos para rendimentos até R$ 40,5 mil por ano, aparece como uma possível oportunidade para negócios de menor porte.
No entanto, especialistas alertam que o momento exige atenção e preparo.
Impacto direto na gestão das empresas lideradas por mulheres
De acordo com Juliana Tescaro, diretora do Grupo Studio, compreender a Reforma Tributária não é mais uma escolha.
“As empresárias precisam se antecipar, porque essas mudanças vão impactar diretamente a gestão e a competitividade dos negócios liderados por mulheres”, afirma.
Segundo ela, questões como fluxo de caixa, margens tributadas, incentivos fiscais e reorganização operacional agora fazem parte da rotina das pequenas empresárias. A falta de entendimento sobre o novo sistema pode ampliar ainda mais a desigualdade já existente.
MEIs precisam de atualização urgente
Atualmente, o Brasil conta com mais de 15 milhões de registros de MEIs, sendo grande parte liderada por mulheres.
Para esse público, a nova categoria de nanoempreendedor poderá oferecer alívio tributário. Porém, para isso, será necessário entender e se adaptar às novas regras.
“A complexidade tributária ainda é uma barreira. Quem não estiver preparado poderá perder competitividade”, reforça Juliana.
Evento Women in Business discute os impactos
Com o objetivo de ampliar o debate sob uma perspectiva estratégica e feminina, Juliana Tescaro promoveu, em 29 de junho, a primeira edição do evento Women in Business, em Porto Alegre.
O tema foi “Reforma Tributária — O que muda e como as empresas devem se preparar”. A especialista Grazi Mondin também participou da discussão.
O evento reuniu mulheres de diferentes setores empresariais e públicos. Entre os destaques da discussão esteve o novo papel do consumo no cenário pós-reforma.
“Um dos pontos que mais chamou a atenção foi como o consumo passa a ter um papel central no mercado pós-reforma tributária. O consumidor ganhará um poder que antes não tinha. Isso vai influenciar diretamente as dinâmicas de mercado, desde fusões de empresas até a arrecadação nos municípios”, destacou Juliana.
A necessidade de mais representatividade no debate tributário
Ana Tércia Lopes Rodrigues, vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, também reforçou a importância de ampliar a participação feminina no debate.
“Precisamos de mais eventos como esse para fortalecer a pauta da reforma e, principalmente, empoderar mais mulheres nesse debate, que será central nos próximos anos”, afirmou.
O encontro contou ainda com a presença de Ana Catarina Dantas Fontes da Cunha Lexau, procuradora municipal de Porto Alegre; Eduarda Vidal Trindade, advogada especializada em Direito Bancário e Tributário; e Luana Fleck, diretora do Grupo Ouro e Prata.