Reforma tributária entra na reta final e exige ajustes nas empresas

A reforma tributária entra em uma fase decisiva com o início da transição marcado para janeiro de 2026. A implementação da CBS e do IBS inaugura um período de convivência entre regimes e impõe às empresas a necessidade de ajustes imediatos em cadastros, processos e sistemas fiscais, mesmo com alíquotas iniciais de caráter técnico.

Segundo Ana Maciel, diretora de Conteúdo Tributário da Vertex Inc., a etapa inicial costuma ser subestimada. Ela alerta que a convivência entre modelos antigos e novos tende a gerar complexidade operacional. Para a executiva, deixar a adaptação para depois pode ampliar riscos fiscais e comprometer a operação.

Reforma tributária e saneamento cadastral

A revisão de dados aparece como ponto de partida. Ana explica que cadastros de produtos, serviços e clientes precisam estar atualizados para garantir aplicação correta da tributação. O impacto atinge áreas como financeiro, fiscal, vendas, compras e tecnologia, que devem atuar de forma integrada.

Com a unificação de tributos, erros de classificação ganham peso maior. Códigos como NCM, NBS e CST passam a influenciar diretamente a geração de créditos. Uma classificação incorreta pode resultar em débito indevido, perda de crédito ou distorção de preços.

Revisão de contratos para reforma tributária

Contratos de longo prazo também entram no radar. A especialista afirma que cláusulas firmadas sob o modelo atual podem perder equilíbrio econômico com a entrada da CBS e do IBS. A renegociação evita passivos e ajustes abruptos de margem ao longo da transição.

Sistemas em dois regimes

A adaptação tecnológica é outro ponto sensível. Os sistemas precisarão operar simultaneamente sob dois regimes tributários. Isso envolve adequações em ERPs, atualização de layouts fiscais e validação de integrações conforme a Nota Técnica 2025.002.

Ana destaca que falhas tecnológicas podem afetar faturamento, fluxo de caixa e regularidade fiscal. Além disso, as equipes precisam compreender os reflexos das novas regras na precificação, emissão de documentos e governança.

Treinamento contínuo das equipes

A reforma exige mudança operacional. Para a diretora da Vertex, a capacitação deve alcançar áreas fiscais, contábeis, financeiras, comerciais e de TI. O novo modelo traz regras diferentes de apuração, crédito e segregação fiscal.

Ela afirma que manuais internos, fluxos de aprovação e políticas de compliance precisam ser revisados. Em períodos de transição, falhas humanas tendem a aumentar, o que reforça a necessidade de padronização e conferência.

Riscos ao longo da cadeia

Mesmo empresas organizadas podem enfrentar entraves se fornecedores e parceiros não estiverem preparados. A interdependência dos sistemas fiscais amplia o risco de rejeições e inconsistências em cadeia.

Para Ana Maciel, o maior desafio não está apenas na mudança legal, mas no desalinhamento entre os agentes envolvidos. Ela afirma que antecipar ajustes técnicos e operacionais reduz exposição e prepara o negócio para a nova fase da reforma tributária.

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