A orientação ideológica conservadora agora pode ser vista na nova programação da Rede Minas, tanto na TV quanto na Rádio Inconfidência, segundo relatos de funcionários ao jornal Estado de Minas. Deputadas também veem, na mudança, doutrinação religiosa e violência de gênero, e consideram medidas jurídicas.
A grade, sob a administração de Leonardo Vitor, ex-coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) e membro do partido Novo de Romeu Zema, incluiu programas com conteúdo religioso, como o desenho infantil “Danizinha Protetora”, e um jornal policial no estilo “datenesco” chamado “Minas em Ação”.
“Nossa luta é pela justiça e liberdade!”
O desenho infantil de cunho religioso acompanha a turma guiada por uma garotinha que diz proteger crianças contra ameaças, promovendo valores cristãos e a confiança em Deus.
A personagem “Danizinha” é uma criação de Daniela Linhares, pastora e vice-presidente da Igreja Batista Getsêmani, conhecida por ter sido palco de discursos políticos de Jair Bolsonaro durante a campanha de reeleição em 2022.
“Nossa luta é pela justiça e liberdade! Homem é homem, mulher é mulher e ambos têm muito valor como nasceram”, diz um site oficial da personagem.
Já o programa de notícias policiais nos moldes “datenescos”, denominado “Minas em Ação”, seria um jornal idealizado pelo governo Romeu Zema.
Conhecido por suas críticas ao governo Lula e ao STF nas redes sociais, Vitor trouxe uma orientação ideológica à redação, segundo afirmam os funcionários ao jornal de Minas, que também relataram a contratação de numerosos cargos comissionados na emissora.
Críticas ao “Puxadinho da extrema direita”
As recentes mudanças na programação da Rede Minas e da Rádio Inconfidência têm gerado críticas nas redes sociais inclusive por figuras públicas. As deputadas estaduais Bella Gonçalves (Psol) e Lohanna França (PV) estão considerando medidas jurídicas contra o chamado “puxadinho da extrema direita” nas emissoras estatais.
Gonçalves criticou a inclusão de programas sensacionalistas, conteúdos gospel e desenhos infantis com ideologias LGBTfóbicas, destacando a gravidade da nova programação, “estamos falando de uma emissora pública, em um estado laico”, enquanto França levantou dúvidas sobre a legalidade dessas alterações. O governo estadual ainda não se posicionou sobre o assunto.
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