Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12) aos 96 anos, em São Paulo. Figura central na história econômica do Brasil, especialmente durante a ditadura militar, ele nunca se arrependeu de ter assinado o AI-5, decreto emitido em dezembro de 1968 que intensificou a repressão durante a ditadura militar.
Em entrevista, Delfim afirmou que, se necessário, assinaria o AI-5 novamente, destacando que “aqui era um processo revolucionário” e que era correto “naquele instante”. Porém, ele também criticou quem defende a implementação de um decreto similar nos dias atuais, chamando-os de “idiotas”.
Delfim estava internado no Hospital Albert Einstein desde o início de agosto devido a complicações em seu estado de saúde. Ele deixou uma filha e um neto. A família informou que o enterro será reservado aos parentes próximos, sem velório aberto ao público.
O ex-ministro foi uma figura central na história econômica do Brasil, especialmente durante a ditadura militar. Ele atuou como ministro da Fazenda de 1967 a 1974, período marcado pelo chamado “milagre econômico”, e também ocupou os cargos de ministro do Planejamento entre 1979 e 1985 e de embaixador do Brasil na França entre 1975 e 1977.
Reconhecido por sua influência e conhecimento, Delfim publicou mais de 10 livros e centenas de artigos sobre economia, colaborando regularmente com veículos como “Folha de S.Paulo”, “Valor Econômico” e “Carta Capital”.
Durante a última década, Delfim foi um conselheiro próximo de Luiz Inácio Lula da Silva em seus dois primeiros mandatos como presidente. “O Lula é um diamante bruto. É um gênio. As pessoas que subestimam o Lula são idiotas. Ele realmente tem uma grande capacidade, não só de se comunicar, que é visível, mas de organizar as coisas. Ele fez um bom governo”, disse em 2015, antes do petista ser eleito pela terceira vez.
Delfim Netto também era conhecido por suas análises contundentes e por frases que marcaram sua trajetória. Em 2014, ele desmistificou o crescimento econômico dos anos 1970, afirmando: “Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. É de uma tolice imaginar que o Brasil cresceu durante 32 anos seguidos, a 7,5% ao ano, por milagre”.
Ele também observou, em outra ocasião, que “todos melhoraram, mas alguns melhoraram mais que outros”, referindo-se àqueles que foram privilegiados com educação superior durante o processo de desenvolvimento do país.