Falam em “Golden Age” (idade do ouro) para a América Latina como se prosperidade se instalasse por decreto dos humores globais. O dólar enfraquece, os capitais giram – e os otimistas de plantão se apressam em pintar o Brasil com tintas douradas. Mas convém ir com menos sede ao pote: se há vento favorável vindo de fora, é bom lembrar que o navio ainda está mal aparelhado por dentro. A valorização dos ativos brasileiros tem mais a ver com fuga do dólar e juros altos do que com reformas ou responsabilidade fiscal. A curva de juros já precifica cortes – discretos, no fim do ano – o que pode animar múltiplos e lucros estimados. Mas isso supõe que a política não atrapalhe mais do que já atrapalha. Com o ciclo político de 2026 antecipando incertezas e o fiscal cambaleando, é no mínimo imprudente apostar em exuberância. Brasil ainda opera no modo esperança. E esperança, como se sabe, não é ativo negociável no mercado. (Foto/reprodução internet)
