A julgar pelos dados recolhidos e divulgados pelo Dieese, o cenário das negociações coletivas não parece tão favorável à classe trabalhadora atualmente como no primeiro semestre do ano. Pelo segundo mês consecutivo, em novembro, o percentual de reajustes salariais com ganhos acima do INPC-IBGE ficou abaixo de 75% nas negociações de acordos e convenções coletivas celebrados pelas categorias que têm data-base no mês.
De acordo com os técnicos do Dieese, o resultado pode estar relacionado ao aumento da inflação, observado nos últimos meses.
Ainda assim, é significativo o percentual de reajustes superiores ao índice do IBGE, bem maior, por exemplo, do que o verificado em novembro de 2023 (63,6%), quando a inflação era menor.
O percentual de reajustes inferiores ao INPC e também iguais a esse índice alcançou 13%.
O Dieese realizou a análise com base nos acordos e convenções registrados no Mediador até o dia 9 de dezembro.
Em novembro, o reajuste necessário para recomposição das perdas inflacionárias, correspondente à inflação (medida pelo INPC) acumulada nos 12 meses anteriores, foi de 4,6%. O aumento da inflação, refletido no reajuste necessário por data-base, pode ser uma das causas para a elevação do percentual de resultados abaixo do INPC e recuo daqueles com ganhos reais.
Para as categorias com data-base em dezembro, o reajuste necessário para zerar as perdas é de 4,84%.
O aumento no percentual de reajustes abaixo da inflação nas últimas datasbases não foi suficiente para alterar o quadro geral de 2024. Dos 15.007 resultados registrados até novembro, 85,4% ficaram acima da variação do INPC, 10,9%, iguais a esse índice, e apenas 3,8%, abaixo dele. A variação real média no período é, no momento, igual a 1,41%.
Charge: Bruno Galvão