Cerca de 200 estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) ocupam o campus Maracanã em uma tentativa de revogar uma determinação que prejudicaria o acesso a auxílios para estudantes de baixa renda e temem reintegração de posse. De acordo com os alunos, a Reitoria estaria impedindo a entrada de alimentos e advogados, além de terem solicitado que 30 seguranças tentassem desmanchar as barricadas.
Os estudantes mobilizados incorporaram o Ato do Revogaço (14), convocado pelo Fórum dos Segmentos da Educação Pública do Rio de Janeiro (FEPERJ), que reivindicava a Revogação do Novo Ensino Médio, dos cortes de auxílio estudantil na UERJ (“AEDA da Fome”) e das escolas cívico-militares. Ao retornar para o campus Maracanã, onde outro ato já ocorria no portal 5 com a presença de terceirizados, os universitários realizaram assembleia que deliberou a ocupação do campus como um todo.
Durante a noite, a Reitoria da Uerj lançou nota em que considerou como “inaceitáveis as ações de tentativa de obstrução do Pavilhão João Lyra Filho, no campus Maracanã” e que abriria uma sindicância para a “apuração imediata dos fatos e identificação dos envolvidos, bem como a garantia de que a Uerj permaneça aberta.”
“O que foi feito foi o método comum da luta, foi o método que, inclusive, as pessoas que compõem hoje a gestão também fizeram: greve com ocupação, greve com piquete”, contestou Giulia, estudante de Letras. “Não foi feita nenhuma depredação, não foi feita nenhuma coisa além do que é normal na luta e a resposta foi totalmente autoritária”, enfatizou.
A mobilização estudantil iniciou em 29 de julho, quando estudantes da Uerj ocuparam a reitoria contra um Ato Executivo (AEDA 038/24) que estabelece novos critérios para as concessões de bolsas e auxílios, podendo prejudicar a permanência estudantil de estudantes em situação de extrema vulnerabilidade.
“A gente critica a Gulnar [Azevedo] por ela não se posicionar contra o governo estadual nesse sentido “, afirma o estudante Zé Antônio. Para ele, “cabe também discutir o orçamento com o governo do estado”, pois o governo de Cláudio Castro estaria impondo à universidade um plano de austeridade.
“[Gulnar] É uma reitora que vem da esquerda, ela ganhou as eleições discursando que não iria tirar auxílios, que ia defender os trabalhadores, que ia defender os estudantes e ela assinou uma AEDA que é um dos piores cortes de assistência estudantil que já teve na UERJ”, conclui Zé.
Durante o dia de hoje, as redes sociais foram inundadas de vídeos e imagens de seguranças de uniforme preto tentando desmontar o piquete organizado pelos estudantes como forma de retomar o controle do campus. Segundo os alunos ocupados, esses não seriam parte de uma guarda universitária, mas funcionários da empresa Conquista, “isso é um desvio de função dos vigilantes porque eles são patrimoniais, eles não tem função de polícia, de repressão de manifestante, de protesto”, disse Zé Antônio.
A Reitoria poderia exigir a reintegração de posse até amanhã (16), considerando que o campus Maracanã seria sede do Conselho Universitário nesta sexta-feira (16) e também seria um local oficial da prova do Concurso Nacional Unificado (CNU).