A morte do papa Francisco na última segunda (21) repercute em todo o mundo e em Cuba não é diferente. O general-de-exército Raúl Castro Ruz publicou uma mensagem em que chama o pontífice de amigo e destaca a sua “defesa incansável da paz”.

Descanse em paz, querido amigo. Estou profundamente comovido com sua morte.

Você foi um homem íntegro e coerente, que retribuiu com afeto e boa vontade o relacionamento humano que estabelecemos. Tenho boas lembranças dos encontros que tivemos e aprecio muito seu afeto pelo povo cubano e sua contribuição pessoal para promover o diálogo fraterno e a compreensão nas relações entre Cuba e a Santa Sé, que foram fortalecidas durante seu pontificado.

Sua vida e seu papado foram um exemplo de defesa incansável da paz e da fraternidade entre os povos. Sua preocupação constante com os desafios urgentes enfrentados pela humanidade e sua dedicação e compromisso em encontrar uma solução viável e sustentável para esses problemas serão um exemplo para todos nós.

Como ele me disse uma vez, eu também o levarei para sempre em meu coração.

 Raúl Castro Ruz

Francisco em Cuba

Sempre atento e caridoso com as questões humanitárias, Francisco não se furtou em pedir o fim do bloqueio econômico perpetrado pelos Estados Unidos que atinge a ilha.

Em setembro de 2015 esteve em Cuba, onde celebrou missa na Praça da Revolução em Havana e ainda passou por Holguín e Santiago de Cuba. Esteve com Raul, então presidente de Cuba, e Fidel Castro, em encontro privado registrado em foto. Depois foi aos Estados Unidos, como parte da mesma viagem.

Francisco foi responsável, na ocasião, pela aproximação do país com os EUA. A liderança do papa nesse processo foi fundamental para o que veio a ser chamado de “degelo cubano”, quando houve o começo de normalização das relações diplomáticas.

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Neste processo embaixadas foram reabertas por Castro e Barack Obama, assim como ocorreu troca de prisioneiros, dentre eles parte dos heróis nacionais conhecidos como “Cinco cubanos”, presos nos EUA acusados de espionagem. Com a primeira eleição de Donald Trump a aproximação dos países já havia sido interrompida.

Em 2016, Francisco esteve em Cuba novamente, em escala a caminho do México. Em Havana, esteve com o líder da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo I. A reunião é considerada histórica, pois não ocorria desde 1054, quando ocorreu o Grande Cisma do Oriente (a separação das igrejas Católica Apostólica Romana e Católica Apostólica Ortodoxa).

Luto oficial

Assim como o Brasil, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, decretou luto oficial, que se estende até a meia-noite da próxima quinta (24).

Como retratado pelo órgão oficial da imprensa cubana, Granma, o papa Francisco “fez importantes contribuições para o fortalecimento das relações entre Cuba e a Santa Sé”.

No texto é destacado que Francisco “foi um Sumo Pontífice progressista”, sempre em busca de soluções para problemas globais, meio ambiente e pela paz, além de lembrar de sua relação amigável com Raúl Castro e de ter recebido Canel, no Vaticano, em 2023.

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Last Update: 22/04/2025