Raghib al-Nashashibi foi um destacado político palestino, pertencente a uma influente família de Jerusalém. Seu pai, Rashid al-Nashashibi, era um notável rico e membro do conselho governante da mutasarrifiyya de Jerusalém, durante o Império Otomano. Raghib teve três filhos: Mansur, que trabalhou no governo jordaniano, e outros dois que se estabeleceram na França.
Formado nas escolas de Jerusalém, Nashashibi estudou no Maktab Sultani, escola secundária otomana, e posteriormente viajou a Istambul, onde obteve o diploma em engenharia civil. Tornou-se membro do Comitê de União e Progresso e foi eleito deputado pelo distrito de Jerusalém no parlamento otomano, função que exerceu até o fim do domínio otomano na Palestina. No período final do Império, foi nomeado chefe do Departamento de Obras Públicas da província de Jerusalém.
Em 1919, participou de uma reunião de nacionalistas palestinos às vésperas da chegada da Comissão King-Crane dos Estados Unidos, defendendo a independência da Palestina dentro de uma união árabe e rejeitando o sionismo e o projeto de um Lar Nacional Judaico.
Com a ocupação britânica, o governador militar Ronald Storrs nomeou Nashashibi prefeito de Jerusalém, em 1920, após a destituição de Musa Kazim Husseini. Reelegeu-se em 1927 e ocupou o cargo até 1934. Durante sua gestão, empenhou-se em preservar o caráter árabe da cidade, recusando, inclusive, uma doação substancial oferecida por Sir Alfred Mond, judeu britânico, temendo que os fundos transformassem Jerusalém em uma “colônia” judaica.
Nashashibi foi membro da Comissão Palestino-Britânica responsável pela regulamentação dos assuntos islâmicos, o que levou à criação do Supremo Conselho Muçulmano em 1921. Surgiu então uma rivalidade com o líder desse conselho, Haj Amin al-Husseini, formando-se uma oposição (liderada por Nashashibi) composta por prefeitos, empresários e grandes proprietários de terra.
Participou do sétimo Congresso Nacional Palestino, em 1928, e integrou o Comitê Executivo Árabe. Após os distúrbios no Muro das Lamentações (al-Buraq), viajou a Londres em 1930 para negociar com o governo britânico. Em resposta ao Congresso Pan-Islâmico convocado por Haj Amin em 1931, Nashashibi organizou um congresso concorrente em Jerusalém, denominado Conferência da Nação Islâmica Palestina.
Fundou, em dezembro de 1934, o Partido da Defesa Nacional, cuja plataforma incluía a rejeição à Declaração Balfour, à imigração judaica, à venda de terras a judeus e defendia a formação de um governo parlamentar nacional.
Em 1936, tornou-se membro do Alto Comitê Árabe, mas renunciou em 1937, pouco antes da publicação do relatório da Comissão Peel. Apesar de rejeitar o plano de partição da Palestina, era considerado um moderado e mantinha boas relações com o emir Abdullah da Transjordânia. Durante a revolta de 1937, sua oposição não conseguiu ocupar o espaço deixado pela fuga de Haj Amin para o Líbano.
Em 1939, participou da Conferência da Mesa Redonda de Londres como membro da delegação palestina. Durante a Segunda Guerra Mundial, a oposição que liderava fracassou em assumir a liderança do movimento nacionalista. As divisões entre os grupos palestinos debilitaram a resistência ao Mandato Britânico e ao sionismo.
Em 1945, participou da reconstituição do Alto Comitê Árabe, mas novas divergências internas levaram à formação da Frente Superior Árabe em 1946. A crise política se agravou com a guerra de 1948 (Nakba), durante a qual Nashashibi permaneceu no Egito. Após a derrota árabe, retornou à Jordânia, onde ocupou cargos importantes: foi ministro, Governador-Geral da Cisjordânia (anexada à Jordânia), e Guardião do Santuário Nobre (al-Haram al-Sharif).
Recebeu da Grã-Bretanha a distinção de Comandante da Ordem do Império Britânico (CBE).
Figura carismática e sociável, Raghib al-Nashashibi era conhecido por seu discurso eloquente, humor refinado, lealdade aos amigos e elegância pessoal. Faleceu na Jordânia em 1951 e foi sepultado em Jerusalém.