O ex-presidente Jair Bolsonaro sugeriu que as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho, falassem com o então secretário da Receita Federal, José Tostes, e o então chefe do Serpro, empresa estatal de processamento de dados do governo, sobre a investigação de “rachadinha”.
A conversa ocorreu em 25 de agosto de 2020 e foi gravada por Alexandre Ramagem, à época chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Os participantes do encontro ainda citam Gustavo Canuto, ex-ministro de Bolsonaro transferido para a Dataprev, estatal que também cuida do processamento de dados.
“É o caso de conversar com o chefe da Receita. Ele tá pedindo é um favor”, afirmou Bolsonaro no encontro. Luciana Pires, advogada de Flávio, nega que seja um “favor” e Bolsonaro diz o nome do chefe do órgão, Tostes.
Ramagem então questiona se ele é o “zero dois” da Receita e Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), diz que ele é o “zero um”. Luciana mostra preocupação com um possível vazamento do tema da conversa, mas é tranquilizada por Juliana Bierrenbach, também advogada de Flávio.
“É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto”, prossegue Bolsonaro. Na sequência, ele diz que conversará com o secretário da Receita e questiona: “A quem interessa pra gente resolver esse assunto?”.
Bierrenbach diz que o melhor caminho seria o Serpro e Bolsonaro responde: “Eu falo com o Canuto”. Ramagem então diz que eles devem “falar com o Canuto para saber do Serpro”.
Ouça o áudio da reunião na íntegra:
O diálogo faz parte do inquérito que investiga a “Abin Paralela” e foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda (15). Após a divulgação do conteúdo, Canuto afirmou que nunca foi acionado pelos envolvidos para tratar do assunto.
“Eu não fui procurado, em nenhum momento. Eu ouvi aqui os áudios, ouvi a citação, mas em nenhum momento ninguém me procurou por isso, não”, afirma. Ele ainda relata que “houve alguma confusão” e que o responsável pelos dados da Receita é o Serpro.
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