Após consolidar-se como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) agora aposta na expansão da produção de leite orgânico.
A iniciativa da Copavi (Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória Ltda) visa captar recursos de investidores interessados em apoiar projetos que promovam o aumento da produção de leite orgânico no país. Até o momento, a entidade já arrecadou cerca de R$ 2 milhões, mas o objetivo é atingir R$ 2,6 milhões até esta sexta-feira (31).
A diretora da Copavi, Tania Vieira Leite, revela que a nova captação de recursos já tem um objetivo claro: “Queremos produzir principalmente queijos finos. Hoje, nosso laticínio tem licença para vender produtos apenas na nossa região. Com uma estrutura maior, pretendemos expandir nossas vendas para todo o Brasil”, afirma Tania.
Segundo Tania, o valor total será destinado à construção, aquisição de equipamentos e capital de giro para uma nova planta de processamento, com capacidade de até 3 mil litros por dia. Atualmente, a cooperativa opera uma unidade menor, que processa até 500 litros diários.
A dirigente reforça ainda que toda a produção de laticínios da Copavi é orgânica. As vacas são alimentadas com pasto livre de agrotóxicos, e o manejo dos animais segue práticas agroecológicas.
A captação de recursos está sendo realizada por meio da plataforma Financiamento Popular para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop), criada em 2020. Por meio dela, qualquer pessoa pode investir em cooperativas ou assentamentos de Reforma Agrária, recebendo uma remuneração anual.
Como funciona a campanha
No caso do projeto de leite orgânico da Copavi, os investimentos começam a partir de R$ 100, com retorno corrigido por juros de 11% ao ano, em um prazo de 60 meses.
“O investimento é uma alternativa para quem busca aplicar recursos com propósito, pensando não apenas em rentabilidade, mas também no impacto ambiental, na emergência climática e em outros fatores”, explica Cristina Sturmer, economista e diretora de planejamento estratégico do Finapop.
Além disso, o Finapop também facilita o acesso ao crédito para quem enfrenta dificuldades com a burocracia e os altos juros dos bancos. Cerca de 70% das cooperativas financiadas pela plataforma não conseguem empréstimos tradicionais.
Segundo Cristina, caso o financiamento do Finapop seja bem sucedido, o laticínio da Copavi deve ser um dos maiores produtores de leite orgânico do país, se não o maior. Além de queijos finos, a cooperativa está interessada na produção de iogurte e leite pasteurizado.
Vale lembrar que a iniciativa do MST ocorre pouco tempo após o “jeitin mineiro” de fazer o queijo artesanal ter sido declarado patrimônio imaterial da humanidade.
Como investir
Para emprestar dinheiro à Copavi, é preciso acessar o site do Finapop (finapop.com.br). Na página inicial, há um link “invista com propósito”. Clicando ali, aparecerão as opções de investimentos disponíveis. O empréstimo para a Copavi é a única ainda aberta para aportes.
Quando a cooperativa alcançar a meta dos R$ 2,6 milhões, a captação é encerrada. Há também uma meta mínima para investimento, de R$ 1,73 milhão, que já foi ultrapassada. “Os R$ 1,73 milhão é o mínimo definido pelo plano de negócios para conseguirmos construir o laticínio”, explicou Sturmer.
A operação da Copavi é a maior já lançada pelo Finapop. Ela, como toda operação do Finapop, envolve riscos. Investidores devem estar ciente deles.
Desde 2020, 125 projetos foram financiados por meio da plataforma. Cerca de R$ 75 milhões foram destinados a cooperativas e associações, beneficiando 25 mil famílias, de 18 estados, mais o Distrito Federal.
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