O Brasil voltou a aparecer entre os dez países de maior desigualdade, e qualquer tipo de ajuste de contas dentro desse cenário passa pela escolha de prioridades, que devem se subordinar ao propósito de promover justiça social.
A análise é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à Record News, o ministro citou como exemplo o caso das casas de apostas eletrônicas, as bets, que nos governos anteriores não recolhiam nenhum centavo aos cofres públicos.
As bets eram livres de impostos desde o final do governo Temer, passando por todo o governo Bolsonaro, igualando-se às Santas Casas. Nesse sentido, a medida provisória enviada ao Congresso pretende retomar a proposta originária, do atual governo, de 12% para 18% sobre saldo não rateado entre os apostadores.
“Entre a bet e Santa Casa, vamos combinar, um está destruindo vidas, a outra está construindo vidas. Você vai isentar os dois? Isenta a Santa Casa e cobra o imposto de bet”, ressaltou o ministro.
“No governo anterior, deixou-se de arrecadar R$ 40 bilhões das bets. Nós passamos a cobrar. Mas nós queríamos cobrar 18%. O Congresso baixou para 12%. Nós, pela medida provisória, estamos voltando a cobrar 18% (…)”, explicou.
Haddad trata da importância de se chegar a um acordo com o Congresso para que o andar de cima pague no mínimo o mesmo imposto pago pelo brasileiros mais pobres, e ressalta que todos os poderes e governantes devem ser críticos à criação de novos gastos que não sejam imprescindíveis, como a ampliação do número de deputados.
“O aumento do número de deputados é imprescindível? Tem a ver com a saúde da população? Tem a ver com a catástrofe, como aconteceu no Rio Grande do Sul? Nós poupamos dinheiro no Rio Grande do Sul? Não. Nós estamos diante de uma emergência? Essa é a pergunta que tem que ressoar na cabeça de todo político. Não importa se você é prefeito, governador, presidente, ministro, deputado, senador”, pondera Fernando Haddad.