Quem vai parar a dupla genocida?
por Francisco Celso Calmon
Com o Iraque foram as armas químicas, que com esse argumento destruíram o Iraque e não encontraram armas químicas.
Deram golpes em países sob o pretexto de fantasmas do comunismo, outra falácia.
O mundo assistiu ao genocídio em Gaza e agora assiste a agressão ao Irã com conformismo; de nada adiantou a ONU, de nada adiantou a diplomacia da China e da Rússia. Trump e Netanyahu não respeitam a diplomacia, só as forças das armas.
O imperialismo não irá recuar.
A estratégia não é nova. Basta ver os bombardeamentos no Líbano e na Síria, sobre a mentira de “defesa dos direitos humanos”. O padrão imperialista segue implacável, sufocando soberanias.
Chega de guerras, queremos paz. Chega de genocídios, desejamos humanidade.
As sanções econômicas são armas silenciosas, estrangulando povos para forçar a submissão. A democracia só interessa quando serve aos interesses do hegemon.
O complexo industrial-militar alimenta-se do sangue derramado, enquanto lucros bilionários fluem, a indústria da morte normaliza a barbárie imperialista como política externa.
A cumplicidade midiática camufla crimes sob o véu do “combate ao terror”.
O mundo aparente de paz e civilidade acabou. Os EUA escancararam sem disfarce a belicosidade como arma de persuasão. Atira primeiro e se o alvo sobreviver, conversa sobre a rendição.
O imperialismo vem terceirizando a guerra: Ucrânia e Israel são cabeças de ponte estratégicas.
Qual, objetivamente, foi o papel do Hamas quando atacou e sequestrou? Jogou uma casca de banana para Israel se revelar, sem ter calculado as consequências e para as quais sequer se preparou?
Poderia o Oriente Médio ser o novo Vietnã ou Afeganistão?
O perigo da terceira guerra é iminente. A maioria dos líderes mundiais já perceberam. A questão que se põe é: se vão esperar a eclosão com mais algum passo do imperialismo ou irão proagir?
Lembrar a segunda guerra é a lição básica: esperar para reagir pode levar a um sacrifício como foi o da ex-União Soviética.
Em nome da democracia esperar, pode levar o Estado agressor a aumentar a ousadia.
A política é a continuação da guerra por outros meios, como definiu Carl von Clausewitz, e a diplomacia é a linguagem política para evitar o retorno à barbárie.
A linguagem dos EUA é a da mentira, blefe, hipocrisia, cinismo, é a do malandro internacional, desprovida de caráter e escrúpulos.
Trump e Netanyahu acabaram de vez com a fragilidade do equilíbrio das forças na geopolítica atual.
O eixo que Trump se move é: ou guerra ou submissão.
Uma suspeita é o suficiente para justificar uma agressão a outro país? Jogar bombas por conta de uma suspeição antes de recorrer aos órgãos de controle de armas nucleares?
Está surgindo a figura da violência preventiva, do assassinato preventivo, da guerra por procuração – figuras que se consolidam nesta conjuntura, na qual Trump e seus delegados se revelam como protótipos de delinquentes geopolíticos.
Agredir outro país por duas potências bélicas para mudar o regime que não as agrade por não ser subserviente, é a subversão total ao direito internacional. Fazem hoje no Irã, farão amanhã na Venezuela?
E nessa geopolítica beligerante quando e como Taiwan será usada, lá também é um enclave do imperialismo estadunidense?
O que aconteceu com o almirante Othon não foi também um ‘acidente’ para evitar que o Brasil tivesse potencial nuclear?
O ataque repentino do dia 13 de junho, foi sobre o pressuposto que o Irã violou o tratado nuclear, mas qual é a prova? Por que Israel não está nesse acordo? Por que ele existe para uns e para outros não, quando o mundo vive se equilibrando entre guerra e curtos períodos pacíficos?
A conjuntura não pode tolerar dúvida, omissão e acomodação, exige atitude, definição e ação. É a Humanidade que está em risco.
Se queremos a paz, nos preparemos para ela, marchemos pela paz, façamos a paz no mundo todo, em especial, com o protagonismo da juventude, porque a guerra ceifa a média de vida das gerações mais novas.
Contudo, se a racionalidade não prevalecer, a juventude mundial não marchar e a guerra mais adiante for inevitável, que todos tenham armas nucleares, poder ser que o temor da destruição conduza a um novo equilíbrio. Que não será duradouro!
A paz só será alcançada com o mundo multipolar e com imperialismo derrotado e o socialismo predominar.
A juventude está lenta e o BRICS, sob a presidência do Brasil, está silente.
Desejo que a mocidade de todo o mundo se inspire no ano de 1968: não a guerra, chega de genocídio, pela paz!
Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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