Não acredito em natais pomposos, de mesa excessivamente farta, decorações luminosas e montes de presentes para poucos, enquanto para a maioria sobram a fome, a pobreza, a penúria e os sacrifícios. Acredito, isto sim, no Natal da partilha, da fraternidade e da comunhão, como um momento que simboliza a nossa busca de uma sociedade justa, solidária e inclusiva.

Hoje, estamos às vésperas do Natal de 2024; dez dias antes, neste sábado (14), temos o Dia Nacional de Combate à Pobreza. Para mim, a proximidade das duas datas reforça esse entendimento. É hora de refletir e reafirmar o nosso compromisso histórico com os mais vulneráveis.

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Em apenas um ano do governo do presidente Lula, 8,7 milhões de brasileiras e brasileiros de todas as idades deixaram a chamada linha da pobreza; a população desta faixa caiu de 67,7 milhões, em 2022, para 59 milhões, no ano passado. Na faixa da extrema pobreza, 3,1 milhões de pessoas foram beneficiadas; essa população saiu de 12,6 milhões (em 2022) para 9,5 milhões (em 2023).

Na pesquisa, o IBGE ressaltou que o Brasil alcançou o menor nível, tanto em termos percentuais quanto em termos numéricos, de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Mas 68,5 milhões de pessoas – na maioria, mulheres, crianças e negros – ainda é um contingente imenso, intolerável, que nos chama pra luta todos os dias, mesmo que em silêncio. Muitos estão nas ruas. O nosso olhar precisa estar voltado cotidianamente para eles.

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Temos que combater a fome, com medidas imediatas e estruturais, e temos que pensar em segurança alimentar, com medidas que garantam o direito ao alimento saudável. Mas, como dizia o saudoso Betinho, “a fome tem pressa”, a fome não espera. E o Natal é um momento muito simbólico para dizer “não” à fome.

Na segunda-feira, dia 16, o nosso mandato celebra o nosso já tradicional Natal com a população em situação de rua. Fazemos isso desde 2009. Montamos uma ceia pública compartilhada, na qual os que têm doam os alimentos e os que não têm são servidos e alimentados.

Tudo muito simples, fruto do trabalho voluntário de inúmeras pessoas.

Alguns acham que é apenas uma caridade que nada resolve. Concordo, em parte. É um gesto pontual, sim, mas é um gesto que simboliza o compromisso de partilhar e de repudiar a fome, a desigualdade, a indiferença.

Gosto de comparar esse nosso Natal ao da Ação da Cidadania ou das ceias públicas que se espalham pelo mundo, como a do Padre Júlio Lancellotti, em São Paulo, a do bar Bip-Bip, no Rio, e a do Papa Francisco, no Vaticano. São ações pontuais que se somam e mandam um recado de fraternidade – “Nós estamos aqui, não se esqueçam!”.

Como católico que sou e como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da População em Situação de Rio, articulo e rezo para que escutem o nosso recado.

E que, em 2025, o Congresso Nacional faça jus ao título de Casa do Povo e se comprometa com uma agenda de menos armas, menos favorecimento para as elites, menos benesses para os que já têm demais e mais ações em defesa dos empobrecidos e vulneráveis.

Deputado Reimont (RJ) é vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

Publicado originalmente no site Brasil 247

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Last Update: 16/12/2024