
Alguém tem um amigo, um parente ou um cunhado que acha o Léo Lins engraçado e no direito de fazer piada com negros, gays, autistas, nordestinos e crianças estupradas.
E não é só gente da extrema-direita, não. É gente de todo tipo que defende um humor raso, cruel e incapaz de rir do fascismo.
Por covardia combinada com falta de imaginação, por racismo e mediocridade, pela ambição de ficar rico batendo em quem é perseguido e assassinado por neonazistas disfarçados de conservadores.
Tem gente das nossas turmas, incluindo jornalistas, que se acha parte dos grupos defensores das liberdades absolutas e ama a boca suja de Léo Lins.
Tem humorista de esquerda dizendo que humoristas são todos a mesma coisa, até o Danilo Gentili, porque o humor está acima do bem, do mal e das ideologias.

O que vale é a piada, mesmo que seja uma piada idiota e denunciadora da precariedade da criação do humor desse pessoal.
O humorista que pensa assim faz o raciocínio básico do corporativismo do riso a qualquer custo: se pegaram o Lins, um dia podem me pegar. Sim, pegam. Pegam jornalistas, não necessariamente humoristas, que debocham do fascismo.
Mas isso não tem relação alguma com o humor racista desse sujeito. Pegam porque o sistema de Justiça e seus juízes paroquiais trabalham para o poder econômico com vínculos com a extrema-direita.
Lins é de outra turma, é da turma desses caras. Alertem o cunhado de vocês que faz piadas nas festas de aniversário da família.
(Não caiam na burrice de comparar o humor de Lins com o humor do século passado dos Trapalhões, que era inadequado, mas não pode ser posto ao lado das piadas desse indivíduo.)