Nesta segunda-feira (5), o governo federal confirmou a demissão de Cida Gonçalves (PT), ministra das Mulheres. Ao mesmo tempo, anunciou que Márcia Lopes (PT), ministra do Desenvolvimento Social no segundo mandato de Lula, substituirá Gonçalves.
Apesar de não haver confirmação oficial, a substituição ocorreu em meio a uma crise na pasta. No começo do ano, o Estadão publicou supostas denúncias de que integrantes da equipe do Ministério sofriam “assédio moral”. A fofoca foi suficiente para abrir uma investigação na Comissão de Ética Pública da Presidência, que, posteriormente, arquivou as acusações.
Dois dias antes, na sexta-feira (2), foi a vez de Carlos Lupi dar uma volta. O agora ex-ministro da Previdência Social pediu demissão depois de um escândalo envolvendo supostos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) atingir a pasta. Apesar da denúncia em questão não ter surgido da imprensa, sendo deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), a crise que gerou foi impulsionada pelos maiores jornais do País, que estamparam a cara de Lupi em suas capas por vários dias.
Ou seja, em ambos os casos, a decisão do governo Lula foi consequência não de avaliação própria, mas sim de uma capitulação diante da pressão que a burguesia está exercendo contra o Executivo por meio dos grandes meios de comunicação. O mesmo ocorreu com Juscelino Filho (União Brasil), demitido após ser alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) em conjunto com a PF motivada por uma denúncia do Estadão – que comemorou a saída de Juscelino com artigo intitulado Denúncia da PGR contra Juscelino Filho tem como base caso revelado pelo Estadão.
Com crise atrás de crise, o governo se enfraquece mais. Com isso, torna-se cada vez mais refém da direita, que tenta cerca Lula por todos os lados. O mesmo Estadão responsável pelas “denúncias” – leia-se, calúnias – contra o Executivo, inclusive, entregou o objetivo dessa pressão. Em artigo intitulado Envelhecimento da população, Geração Z e apps aceleram pressão por nova reforma da Previdência, o jornal dos Mesquita defende que “uma combinação perversa pode forçar o Brasil a antecipar uma nova reforma da Previdência”.
Não satisfeita com a devastação causada pelo golpe de Estado, a burguesia quer mais. Quer arrancar até o último direito dos trabalhadores brasileiros e jogar o povo na miséria para sustentar meia dúzia de vampiros do capital financeiro que, junto ao imperialismo, estão em uma crise cada vez maior. É daí que vem a necessidade de pressionar para que o governo Lula faça coisas como uma “nova reforma da Previdência”.
No entanto, fato é que Lula não tem condições de levar adiante a política que a burguesia quer. Para isso, o imperialismo precisa de alguém como Javier Milei, que entregou a Argentina para o FMI, jogando a população no fundo do poço. E para conseguir um Milei, ao que tudo indica, os poderosos estão dispostos a derrubar mais uma vez o governo do PT.