
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (6) o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete investigados que fazem parte do chamado núcleo 4 da tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os denunciados são acusados de espalhar desinformação, atacar autoridades e desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, atuando como um braço informativo da trama golpista, segundo a PGR.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, esses integrantes “propagaram notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo”.
Quem são os denunciados?
São denunciados no núcleo Ailton Barros (capitão expulso do Exército), Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército), Giancarlo Gomes Rodrigues (sargento do Exército), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército), Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército), Marcelo Bormevet (policial federal) e Carlos Cesar Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
Ailton Barros

Ailton Barros, militar expulso do Exército, é acusado de coordenar ataques virtuais contra oficiais-generais contrários ao golpe de Bolsonaro. As provas contra ele incluem trocas de mensagens encontradas em seu celular.
Em uma dessas mensagens, enviadas ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, Ailton pediu para que o oficial “salvasse o nosso Estado democrático de Direito” e tomasse uma “atitude de patriota”. Ailton, posteriormente, repassou essas mensagens ao ex-ministro Braga Netto.
Braga Netto respondeu que a “culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”. Além disso, sugeriu que Ailton “oferecesse a cabeça dele [Freire Gomes] aos leões”. Ailton então comentou: “Se FG tiver fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.
A PGR também incluiu em sua denúncia uma publicação de Ailton nas redes sociais, de teor golpista, e afirma que os ataques realizados foram de grande alcance.
Ângelo Denicoli

A PGR argumenta que o major Ângelo Denicoli intermediou a comunicação entre os grupos bolsonaristas e o influenciador argentino Fernando Cerimedo, que espalhou a falsa narrativa de que urnas eletrônicas de modelo antigo registravam votos fraudulentos a favor do presidente Lula (PT).
A principal evidência apresentada contra Denicoli é um arquivo encontrado na pasta do Google Drive de Cerimedo, que continha um documento de autoria do militar da reserva.
A defesa de Denicoli nega que ele tenha produzido o material e alega que ele apenas compartilhou o arquivo com pessoas próximas.
Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet

O sargento do Exército Giancarlo Rodrigues e o policial federal Marcelo Bormevet atuaram na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob a gestão do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), também réu no caso. Eles são acusados de orquestrar campanhas de desinformação contra opositores do grupo.
De acordo com a PGR, Marcelo Bormevet indicava quem deveria ser monitorado ilegalmente pelo sistema FirstMile e orientava seus subordinados a lançar ataques de desinformação nas redes sociais contra as vítimas do grupo.
Giancarlo Rodrigues, que estava cedido à Abin, era responsável por pesquisas dentro do sistema de monitoramento.
Reginaldo Vieira de Abreu e Guilherme Marques Almeida

O coronel do Exército Reginaldo Vieira de Abreu e o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida também estão envolvidos na trama.
Guilherme, ex-comandante do Batalhão de Operações Psicológicas, defendia ações inconstitucionais para manter Bolsonaro no poder. Já Reginaldo criticava a falta de ações mais decisivas por parte de Bolsonaro para instaurar uma ruptura institucional.
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, foi contratado pelo PL, partido de Bolsonaro, para produzir um relatório que questionava a integridade das urnas eletrônicas.

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