
O padre, cantor e apresentador Alessandro Campos, conhecido por misturar batina e chapéu sertanejo, recebeu R$ 975 mil de prefeituras da Bahia por apenas três apresentações musicais realizadas em junho de 2025. Os contratos foram firmados com as cidades de Barreiras, Itatim e Campo Formoso, durante as festividades juninas promovidas pelas administrações municipais. Os valores constam no Painel de Transparência do Estado da Bahia.
Segundo dados públicos, a apresentação mais cara ocorreu em Barreiras, com custo de R$ 400 mil. Em Campo Formoso, o valor foi de R$ 300 mil. Já Itatim desembolsou R$ 275 mil. Todos os pagamentos foram efetuados com verbas vinculadas à Secretaria de Cultura do estado. Moradores locais chegaram a questionar os gastos, alegando que há demandas mais urgentes, como postos de saúde com estrutura precária e escolas municipais com problemas de infraestrutura.
Alessandro Campos é conhecido pelo estilo sertanejo, que incorpora em suas apresentações elementos típicos da música de raiz e do show business. Nasceu em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, e foi ordenado na Diocese de Mogi das Cruzes. A partir de 2014, passou a atuar oficialmente em veículos de comunicação com o aval do bispo Dom Luiz Stringhini.
Aos 43 anos, ele combina vestes religiosas com chapéu, botas e cintos de grife. Além de se apresentar em palcos de festas regionais, também mantém forte presença em redes sociais e teve uma passagem relâmpago pela RedeTV!, onde ficou por apenas dois meses.

O padre já havia sido alvo de críticas em 2018, quando, durante um programa ao vivo exibido pela Rede Vida, fez piadas com senhoras da plateia. Ao se dirigir a uma fã chamada Thereza, afirmou: “Se a senhora estiver viva no ano que vem, a senhora volta. Mas se não estiver, que eu acho bem difícil, a gente se encontra lá na glória”. A declaração gerou indignação e foi duramente criticada pela família da idosa.
O neto de Thereza, João Paulo Lemes de Santana, publicou um desabafo nas redes sociais, afirmando que o comportamento do padre era recorrente e que ele fazia brincadeiras de extremo mau gosto com senhoras que frequentavam seus programas. O episódio teve ampla repercussão e contribuiu para consolidar a imagem do padre como figura polêmica no meio religioso e televisivo.
Apesar das críticas, Alessandro segue requisitado por produtores de eventos e administrações públicas, principalmente em festas religiosas ou temáticas. O modelo de contratação de artistas religiosos por prefeituras é comum no interior da Bahia, mas os valores pagos ao padre chamaram atenção por destoarem da média praticada em apresentações semelhantes.