
O empresário Rafael Renard Gineste, de 45 anos, foi preso na quinta-feira (31) durante a Operação Carbono Oculto, a maior operação já realizada contra a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor financeiro e econômico do Brasil. Gineste, sócio-administrador da F2 Holding Investimentos Ltda., é apontado pelos investigadores como membro do núcleo financeiro da organização criminosa.
Segundo as autoridades, ele utilizava empresas de fachada, holdings, postos de combustíveis e fundos de investimento para lavar dinheiro, dando a aparência de licitude aos recursos oriundos do crime.
Além de sua prisão, Gineste também tentou fugir do cerco policial em uma lancha, após o início da operação. A ação, coordenada pela Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público de São Paulo (MP-SP), envolveu 1.400 agentes e resultou em 200 mandados de busca e apreensão, contra 350 alvos em dez estados do Brasil.
Gineste já tem um histórico criminal. Em 2016, ele foi condenado por corrupção ativa na Operação Publicano, um esquema de pagamento de propina a auditores da Receita Estadual. O juiz Juliano Nanuncio, da 3ª Vara Criminal de Londrina, condenou Gineste a uma pena de quatro anos e oito meses por sua participação no esquema de corrupção.
A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) e registros judiciais confirmam sua ligação com o caso, incluindo sua presença em processos do Tribunal de Justiça do Paraná e em habeas corpus analisado pelo Superior Tribunal de Justiça.
A operação que resultou na prisão de Gineste faz parte de uma investigação mais ampla sobre o PCC, que movimentou R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, com o uso de postos de combustíveis e fundos de investimentos para lavar dinheiro. A Receita Federal identificou 40 fundos de investimentos, com patrimônio de R$ 30 bilhões, sob o controle da facção criminosa.
As transações fraudulentas ocorriam, em grande parte, no mercado financeiro de São Paulo, com membros infiltrados na Avenida Faria Lima, um dos principais centros financeiros do Brasil.
A Operação Carbono Oculto revelou a complexidade do esquema, que utilizava uma rede de empresas para disfarçar as transações ilícitas. A investigação apura a compra e venda de imóveis e títulos entre empresas do mesmo grupo, uma forma de ocultar patrimônios de origem criminosa. A prisão de Gineste e a descoberta do esquema ilustram o alcance do PCC dentro do setor financeiro, afetando diretamente a economia brasileira.