
Apesar de vários nomes estarem sendo cotados para a escolha do novo papa, que começa nesta quarta-feira (7) com o início do conclave, alguns padres brasileiros acreditam que pode haver uma “zebra” — e ela pode vir do Brasil.
O nome que tem ganhado destaque entre esses religiosos é o de João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Maringá (PR) e de Brasília.
Embora não seja considerado um dos favoritos, Aviz é visto por muitos como um cardeal muito próximo do papa Francisco, com quem tinha uma relação de amizade, a ponto de assistirem a partidas de futebol juntos no Vaticano.
A aposta em Aviz se baseia na sua vasta experiência com a Cúria, onde ele conhece profundamente a estrutura, talvez mais do que muitos dos cardeais favoritos no conclave. Além disso, Aviz é visto como alguém capaz de dar continuidade ao legado de Francisco sem promover grandes mudanças.
“Dom João Braz de Aviz administraria o que agora existe e abriria caminho para uma transição, na visão dos conservadores. Com isso, o próximo papa poderia ser um ‘mão pesada’”, afirmou um dos religiosos.
Quem é João Braz de Aviz?
João Braz de Aviz, que nasceu em Mafra, Santa Catarina, no dia 24 de abril de 1947, é um cardeal católico romano brasileiro, prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano. Ele foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em janeiro de 2012.
Filho de João Avelino de Aviz e Juliana Hack de Aviz, João Braz cresceu em Borrazópolis, no Paraná. Aos 11 anos, ingressou no Seminário São Pio X, em Assis, São Paulo, onde estudou Filosofia, continuando sua formação em Curitiba e Palmas, no Paraná. Concluindo o curso de Filosofia, Aviz seguiu para Roma, onde cursou Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Foi ordenado padre em 26 de novembro de 1972 por Dom Romeu Alberti, na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora de Lourdes, em Ponta Grossa, Paraná.
Sequestro
Em 1983, Aviz foi sequestrado por dois jovens que tentavam assaltar um carro-forte em Apucarana, no Paraná. Quando avistaram o veículo, os assaltantes ordenaram que o religioso pedisse o dinheiro aos ocupantes do carro-forte.
Era noite, e os guardas dispararam, ferindo Aviz com um tiro de escopeta, que espalhou chumbo em várias direções e atingiu várias partes de seu corpo. Os fragmentos não danificaram nenhum órgão vital. Embora tenha sobrevivido, ficou com vários fragmentos alojados em seu corpo.
Cúria Romana
Em 1994, Aviz foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória pelo Papa João Paulo II e, em 1998, foi nomeado bispo de Ponta Grossa. Já em 2002, foi elevado a arcebispo da Arquidiocese de Maringá.
Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou para o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, tornando-o o quarto brasileiro a chefiar um departamento do Vaticano.
Em 2012, Aviz foi elevado a cardeal pelo Papa Bento XVI. Em 2013, durante o conclave que elegeu o papa Francisco, Aviz foi cogitado como possível candidato, mas o escolhido foi o argentino Jorge Mario Bergoglio.

Progressista
Dom João Braz de Aviz é um defensor da Teologia da Libertação e foi classificado como “progressista” em 2013, sendo reconhecido por sua abordagem pastoral voltada para a justiça social e a dignidade humana.
Aviz também esteve entre os primeiros a apoiar as reformas impulsionadas pelo Papa Francisco, sendo visto como alguém capaz de conduzir a Igreja em continuidade com a agenda de Francisco, sem grandes rupturas.
Neste ano, voltou a ser mencionado como um possível papa, sendo considerado uma surpresa pela sua origem latino-americana, algo que não é esperado nesta eleição papal.
Aviz permaneceu como prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica até 2023, quando, ao completar 75 anos, deveria renunciar. No entanto, o papa Francisco decidiu mantê-lo no cargo por mais dois anos.
Em 2025, Francisco nomeou a irmã Simona Brambilla, a primeira mulher a ocupar um alto posto na Cúria, para seu lugar.
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