O ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Marcos Pollon. Foto: reprodução

Supostamente representante de pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Congresso, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) emergiu como uma das figuras mais polêmicas e emblemáticas da bancada bolsonarista na Câmara.

Eleito em 2022 como o parlamentar mais votado do Mato Grosso do Sul, com 103.111 votos, ele é fundador do maior movimento armamentista do país, ex-professor universitário, aliado próximo da família Bolsonaro e, mais recentemente, autodeclarado autista após diagnóstico tardio em 2024.

Formado em Direito com especialização em agronegócio, Pollon começou sua carreira como professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em 2003. Fundou a Academia de Direito Processual e o Instituto Conservador do MS antes de se tornar um ativista pró-armas de destaque nacional.

Em 2020, criou a Associação Nacional Movimento Pró Armas (AMPA), hoje a maior organização do gênero no Brasil, que defende o direito ao porte legal de armas de fogo e a legítima defesa.

Sua estreia na política foi marcada pelo apoio explícito de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que participou do lançamento de sua candidatura. Eleito com votação expressiva, Pollon assumiu em 2023 a presidência estadual do PL, cargo do qual foi destituído em julho de 2024 após divergências sobre alianças partidárias e seu lançamento como pré-candidato à prefeitura de Campo Grande.

O bolsonarista ganhou notoriedade nacional como um dos principais defensores do PL 1904/2024, projeto que equipara o aborto após 22 semanas de gestação a homicídio simples, inclusive em casos de estupro. A proposta gerou intensa controvérsia por estabelecer penas mais severas para médicos que realizam o procedimento (de 5 a 18 anos de prisão) do que para estupradores (cuja pena varia de 6 a 10 anos).

“Estão distorcendo meu projeto. Defendo a vida desde a concepção e acredito que os profissionais de saúde devem responder criminalmente por interromperem gestações viáveis”, afirmou o deputado em suas redes sociais durante o auge das críticas.

Alegação de autismo após motim

Em meio ao processo no Conselho de Ética por sua participação no motim que paralisou a Câmara por 30 horas, Pollon revelou publicamente seu diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O deputado usou a condição para justificar seu comportamento durante o episódio em que permaneceu sentado na cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta.

“Eu sou autista e não estava entendendo o que estava acontecendo ali naquele momento”, declarou, referindo-se às imagens que mostravam sua resistência em deixar o plenário. Em vídeos, é possível ouvi-lo dizer ao colega Marcel van Hattem (Novo-RS): “Eu não entendi. Não vou sair”.

A estratégia de defesa gerou debates sobre o uso de condições neurodivergentes em contextos políticos. Especialistas em inclusão questionaram o timing da revelação, enquanto apoiadores do deputado defenderam seu direito à compreensão diferenciada de situações sociais complexas.

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Last Update: 09/08/2025