
A imagem clássica de um bilionário geralmente envolve mansões luxuosas, jatinhos particulares e uma vida de ostentação. No entanto, Mitzi Perdue, herdeira de dois dos maiores impérios empresariais dos Estados Unidos, optou por um estilo de vida radicalmente diferente.
Filha do fundador da rede de hotéis Sheraton e viúva de Frank Perdue, presidente da gigante agroindustrial Perdue Farms, Mitzi herdou fortunas bilionárias de duas famílias históricas. Mas aos 84 anos, ela se recusa a viver como o estereótipo de uma bilionária americana.
Mitzi Perdue nasceu em 1941 e foi a quinta filha de Ernest Henderson, criador da Sheraton. Ela herdou o controle acionário da empresa aos 26 anos, juntamente com seus irmãos. Ainda jovem, casou-se com Frank Perdue, conhecido como o “rei dos frangos”, cujo grupo movimenta mais de US$ 10 bilhões ao ano.
Com acesso a um fundo familiar robusto e a uma fortuna consolidada, ela poderia ter optado por uma vida de lazer e ostentação. Mas escolheu trilhar outro caminho. “Ninguém na minha família ganhava pontos por usar roupas de grife”, afirmou à revista ‘Fortune’.
Apesar de suas posses, Mitzi vive em um apartamento modesto em Maryland, onde divide o prédio com trabalhadores comuns, como enfermeiros e policiais. Ela conta que o aluguel anual de seu apartamento de um quarto é equivalente ao que seus amigos de Nova York gastam em um mês.
Em vez de carros de luxo ou aviões privados, ela prefere o metrô e a classe econômica. E se um sapato estraga, ela o leva ao sapateiro, nada de pares novos por impulso. “Se você está sempre viajando de jatinho, como vai ter noção do mundo real?”, questiona.

Durante sua juventude, Mitzi estudou em escolas públicas e privadas, chegando até Harvard. Após a morte do pai, teve acesso à sua herança, mas recusou-se a entregar o patrimônio a administradores. Interessada em agricultura, comprou terras e passou a gerenciar uma fazenda de arroz próxima à Universidade da Califórnia.
Com o tempo, tornou-se jornalista, cobrindo temas como práticas agrícolas e saúde mental. Em 2022, voltou os olhos para a guerra na Ucrânia. Vendeu seu anel de noivado, avaliado em US$ 1,2 milhão, e doou o valor para ações humanitárias no país.
Atualmente, trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia de apoio psicológico com inteligência artificial voltada a vítimas de trauma de guerra. Para isso, viaja frequentemente — sempre em classe econômica.
“Você não é admirado por usar roupas caras, mas por servir aos outros”, diz ela. Mitzi acredita que a felicidade não vem de bens materiais, mas do compromisso com o próximo. “Se você quer ser feliz, pense no que pode fazer por outra pessoa.”
Sua filosofia tem raízes profundas nas tradições de ambas as famílias. Os Hendersons e os Perdues priorizavam a responsabilidade com as próximas gerações, não o consumo desenfreado. “Famílias que duram aprendem a administrar. Não estão aqui para gastar tudo, mas para preservar.”
Para Mitzi Perdue, a verdadeira riqueza está em viver com propósito, investir em causas sociais e manter os pés no chão, mesmo quando se tem bilhões no banco.