Lee Jae-myung, do Partido Democrata (centro-direita), foi eleito presidente da Coreia do Sul nesta terça-feira (3), com 49,42% dos votos válidos, segundo os dados da Comissão Eleitoral Nacional, que já havia apurado 99,79% das urnas. O principal adversário, Kim Moon-soo, do Partido do Poder Popular (direita), obteve 41,15%. Em terceiro lugar ficou Lee Jun-seok, do Partido da Reforma (também de centro-direita), com 8,34%. Os candidatos Kwon Yeoung-guk, do Partido Democrático Trabalhista (esquerda), e Song Jinho, independente, não alcançaram 1% dos votos.
As regiões tradicionalmente liberais no campo dos costumes, como a capital Seul, as províncias de Jeolla do Norte e do Sul e a ilha de Jeju, deram vitória a Lee. Já Kim saiu vitorioso nas regiões com maior predominância conservadora.
A eleição presidencial foi convocada após a queda do ex-presidente Yoon Suk-yeol, destituído do cargo por decisão da Corte Constitucional em abril, após ter decretado lei marcial no final de 2024. O país passou por meses de instabilidade e repressão, com a Presidência oficialmente vaga desde 4 de abril.
A votação teve alta participação. Mais de um terço dos 44,39 milhões de eleitores havia votado antecipadamente, e, no dia da eleição, até as 11h, 8,1 milhões de votos já haviam sido registrados em mais de 14 mil seções eleitorais espalhadas pelo país.
Após a confirmação dos resultados, Kim Moon-soo declarou que “aceita humildemente a decisão do povo” e parabenizou o adversário. Lee, em discurso aos apoiadores, afirmou que sua eleição representa o início de uma nova etapa para o país. “Finalmente, nós, cidadãos da República da Coreia, somos colegas que devemos respeitar e conviver em comunidade”, disse o novo presidente.
Lee anunciou quatro diretrizes centrais de seu governo. A primeira será a superação da chamada “guerra civil” e a restauração da “democracia”, afirmando que seu mandato buscará evitar “qualquer novo golpe militar”. A segunda é a recuperação da economia e do “sustento do povo”.
Finalmente, a terceira anunciada é a segurança da população. O novo mandatário defendeu ainda uma aproximação com a Coreia do Norte por meio da criação de uma “Península da Coreia” baseada na convivência pacífica entre os dois Estados. “Com uma sólida capacidade defensiva nacional, certamente exerceremos dissuasão contra o Norte, mas com a convicção de que é melhor vencer sem lutar do que vencer lutando”, afirmou.
Trajetória
Lee Jae-myung tem 60 anos e nasceu em Andong, cidade da província de Gyeongsang do Norte, no sudeste da Coreia do Sul. Oriundo de uma família pobre, formou-se em Direito pela Universidade Chung-Ang.
Entrou para a política em 2005 e teve sua primeira vitória em 2010, quando foi eleito prefeito de Seongnam, na província de Gyeonggi. Em 2018, tornou-se governador da mesma província. Tentou a Presidência em 2022, mas foi derrotado por Yoon Suk-yeol.
Durante sua trajetória política, foi acusado de envolvimento em favorecimento a empresas do setor imobiliário, enquanto era prefeito. Também foi condenado por declarações consideradas falsas, o que, segundo a Justiça, violaria as leis eleitorais. Lee sempre negou as acusações, que classificou como perseguição com motivação política.
Em 2024, foi alvo de uma tentativa de assassinato ao ser esfaqueado durante visita às obras do aeroporto de Gadeokdo, em Busan.
Desde 2022, Lee ocupa assento na Assembleia Nacional e lidera o Partido Democrata. Durante a campanha deste ano, se apresentou como principal nome da oposição ao regime deposto, liderando as pesquisas desde o início.
Entre as promessas de campanha, destacou o aumento dos programas sociais, medidas contra a desigualdade econômica, reformas corporativas e uma política externa voltada à reaproximação com a Coreia do Norte.
A posse de Lee Jae-myung deve ocorrer ainda nesta semana, sem período de transição, já que o cargo de presidente encontra-se vago desde a queda de Yoon.