Uma operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira 8 tem como principal alvo o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), que teve o gabinete na Câmara vasculhado por agentes durante a manhã. Outros endereços ligados a ele, incluindo as residências em Brasília e no Ceará, também foram alvo de buscas.
A suspeita é de que Mano faça parte de um esquema que desviou recursos públicos e fraudou licitações. Há indícios de que o dinheiro teria sido usado como caixa 2 de campanhas eleitorais. A PF ainda não esclareceu qual seria o papel do deputado no suposto esquema.
Mano ainda não comentou a operação, que cumpre 15 mandados determinados por Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em seis cidades (Brasília, Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio).
Expulso do PL e condenado pelo TRE-CE
Natural de Nova Russas, no sertão cearense, a pouco mais de 300 quilômetros de Fortaleza, ele começou a carreira política como vice-prefeito da cidade natal. Ficou no cargo por apenas dois anos, antes de alçar voos mais altos.
Mano está em seu segundo mandato como deputado federal. Foi eleito pela primeira vez em 2018, pelo Patriota, com cerca de 68 mil votos. No ano seguinte, filiou-se ao PL, pelo qual foi reeleito em 2022, com mais de 216 mil votos.
É casado com Giordanna Mano (PRD), atual prefeita de Nova Russas. Em 2022, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) chegou a cassar o diploma de Giordanna e do vice, José Anderson Magalhães, por abuso de poder político (eles teriam utilizado recursos da prefeitura para autopromoção). Júnior Mano foi condenado no mesmo processo e os três foram declarados inelegíveis por oito anos. No ano seguinte, porém, a decisão foi derrubada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante a votação da reforma tributária proposta pelo governo Lula, em 2023, foi um dos 20 deputados do PL a contrariar a orientação do partido e votar favoravelmente à proposta. O grupo foi apelidado ironicamente de ‘os comunistas do PL’.
Em 2024, em outro atrito interno do PL, Mano foi expulso do partido de Jair Bolsonaro. Dessa vez, o alvo do incômodo foi o apoio de Mano a Evandro Leitão (PT), então candidato à prefeitura de Fortaleza. Na ocasião, Leitão, que viria a ser eleito, travava uma disputa eleitoral contra o bolsonarista André Fernandes (PL).
“O partido hoje é extrema-direita e o extremismo não faz parte dos meus princípios. Votei em Bolsonaro, defendi todas as pautas, mas por ser contrariado em não votar em André Fernandes, o troco é esse. Vida que segue”, disse a CartaCapital na época.
Após a expulsão, ele escolheu o PSB para abrigar seu mandato. Na sigla, o deputado é, inclusive, cotado para concorrer ao Senado pelo Ceará em 2026.