O Vaticano entrou oficialmente em um período chamado “Sede Vacante”, em razão da morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21). O termo refere-se a uma autoridade temporária que assume a administração da Igreja Católica. O responsável por essa função é o cardeal irlandês-americano Kevin Farrell, atual Camerlengo, cargo que ocupa desde fevereiro de 2019.
A “Sede Vacante” se inicia logo após o falecimento do pontífice, Farrell lidera os procedimentos fúnebres e administrativos enquanto o Colégio de Cardeais se organiza para o conclave que definirá o novo papa. Durante este período, o Camerlengo tem papel central na transição, sendo o encarregado de verificar oficialmente a morte do pontífice e iniciar os protocolos internos do Vaticano.
A verificação do óbito segue um ritual tradicional: o Camerlengo bate três vezes com um martelo de prata na cabeça do papa e pronuncia seu nome. Após o ato, o falecimento é comunicado aos fiéis e os procedimentos de lacração dos espaços privados do pontífice são iniciados, impedindo qualquer alteração nos locais até a eleição do novo papa.
As atribuições do Camerlengo estão descritas na constituição apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II na década de 1990. Esse documento estabelece as regras que regem o funcionamento da Igreja Católica durante o vácuo de poder papal.
Além de atestar a morte e selar os aposentos do pontífice, o Camerlengo coordena os preparativos para o funeral, que pode ou não ter sido previamente organizado pelo papa falecido. Farrell consulta os demais cardeais sobre o traslado do corpo, medidas de segurança e o andamento de toda a cerimônia religiosa.
Outro papel fundamental do Camerlengo é a administração provisória dos bens e propriedades da Santa Sé. Ele assume temporariamente a responsabilidade por locais como o Palácio Apostólico, o Palácio de Latrão e o Palácio de Castel Gandolfo, antiga residência de verão dos papas — este último retratado no filme Dois Papas, do diretor Fernando Meirelles.
Durante o período sem liderança, o Camerlengo atua como uma espécie de gestor interino, sempre em alinhamento com o Colégio dos Cardeais. Nenhuma decisão importante é tomada de forma isolada, e seu papel é assegurar uma transição fluida e respeitosa com as tradições da Igreja.
Farrell também garante que o conclave ocorra de forma segura e sigilosa. Ele supervisiona a preparação da Capela Sistina, onde os cardeais se reúnem a portas fechadas. O local passa por revista minuciosa para impedir a entrada de dispositivos de gravação ou comunicação.
O conclave, que é cercado de protocolos rígidos, define o novo líder da Igreja Católica. Como membro do Colégio de Cardeais, o Camerlengo também tem direito a voto no processo, o que o torna parte essencial tanto na gestão da transição quanto na escolha do futuro pontífice.
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