No momento em que o Irã enfrenta uma agressão militar brutal dos Estados Unidos e da entidade sionista, com bombardeios contra instalações nucleares e ameaças diretas de destruição do país, Reza Pahlavi — filho do último xá iraniano, deposto pela Revolução Islâmica de 1979 — reaparece para se oferecer como “líder de transição democrática”. O gesto, anunciado nesta segunda-feira (23) em Washington, revela, mais do que ambição política, a verdadeira função que esse personagem cumpre: sabotador da soberania nacional iraniana a serviço do imperialismo.

Enquanto bombas caem sobre seu país natal, Pahlavi não fala em resistência, não denuncia a agressão externa, não menciona os crimes de guerra cometidos por “Israel” ou os Estados Unidos. Ao contrário: sua prioridade é pedir que os militares abandonem o governo, para que o imperialismo aproveite o “momento histórico” e destrua o atual regime. A postura é a de um traidor: em vez de defender o Irã, o autoproclamado “príncipe” age como linha auxiliar da política imperialista.

Filho de Mohammad Reza Pahlavi, o último xá do Irã, Reza é herdeiro direto de uma das ditaduras mais violentas e entreguistas do século XX. Instalado no poder após um golpe articulado pela CIA e pelo MI6 britânico, em 1953, o regime do xá reprimiu impiedosamente o povo iraniano por mais de duas décadas. Governava de forma absolutista, submisso aos interesses dos EUA e de “Israel”, com total desprezo pela soberania nacional e pelos direitos mais elementares da população.

A ferramenta de repressão do regime era a infame SAVAK, uma polícia secreta com métodos abertamente fascistas: sequestros, tortura, execuções, desaparecimentos e censura. Milhares de militantes, estudantes e trabalhadores foram perseguidos, presos ou assassinados sob a égide de um regime que tratava seu próprio povo como inimigo.

Essa ditadura só foi derrubada por uma revolução popular de imensas proporções, em 1979 — um dos maiores levantes do século XX contra o imperialismo. A revolução deu origem ao atual regime, cuja legitimidade não vem de acordos com potências estrangeiras ou de cargos hereditários, mas de uma insurreição vitoriosa contra a opressão imperialista.

A imprensa imperialista insiste em apresentar Reza Pahlavi como representante de uma “oposição democrática” iraniana, porém, tal oposição não existe. O que existe é um regime de base popular, sustentado pela mobilização de massas e pela independência nacional, de um lado — e, de outro, os restos derrotados de uma oligarquia monárquica vendida aos interesses estrangeiros.

A chamada “oposição” nada mais é do que uma rede de exilados ligados ao imperialismo, financiados por think tanks e ONGs, que aguardam a oportunidade de tomar o poder pela destruição do país. Reza Pahlavi é o rosto dessa operação: um homem sem qualquer base interna, sem ligação com a população iraniana, e que ressurge somente quando o imperialismo avança militarmente sobre sua terra natal.

Sua proposta de “transição” inclui a deserção de militares e a criação de um novo governo apoiado pelos monopólios, os mesmos que hoje bombardeiam a República Islâmica. O próprio fato de, em plena guerra, Pahlavi não propor a defesa de seu país contra os ataques, mas sim sua rendição política, o define: é um rato, um agente do inimigo interno.

Reza Pahlavi não fala em parar os bombardeios. Não pede o fim das sanções. Não defende a integridade do Irã diante da invasão. Em vez disso, apela aos governos estrangeiros para que isolem o atual regime e acelerem sua derrubada.

Seu programa — quando não é apenas vago — resume-se a três promessas: separação entre Estado e religião, liberdades individuais e reforma econômica. Nenhuma palavra sobre a autodeterminação do Irã, sobre sua soberania energética, sua independência científica ou o direito do povo iraniano de decidir seus próprios rumos sem intervenção estrangeira.

Pahlavi quer, em nome de uma “nova democracia”, restaurar a ditadura do imperialismo sobre o Irã. Seu “referendo nacional”, anunciado como parte de seu plano de transição, soa como farsa: um pretexto para reinstalar um regime alinhado com os EUA, aos moldes do que seu pai dirigia, com apoio da Mossad e da CIA.

A polarização real dentro do Irã hoje não se dá entre “liberais e conservadores”, nem entre “democratas e teocratas”, como insiste a propaganda imperialista. A divisão é clara: entre um regime independente, que se mantém em confronto direto com o imperialismo, e uma oposição fascista, derrotada pela revolução de 1979, que espera o momento de voltar ao poder sobre os escombros do país.

Pahlavi não é solução alguma para o Irã. Ele é, como foi seu pai, um serviçal. Sua função é desestabilizar, enfraquecer e ajudar a criação de pretextos para as potências imperialistas continuarem sua ofensiva. O povo iraniano, que derrotou a monarquia, sobreviveu a décadas de sanções e está agora sob ataque direto das potências militares mais agressivas do planeta, está muito melhor sem a corja de criminosos que o filho do antigo ditador representa.

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Last Update: 24/06/2025