Marta Batista: ato pró-Palestina na Marcha Para Jesus

A Marcha para Jesus 2025 reuniu milhares de fiéis nesta quarta-feira (19), em São Paulo, em mais uma edição do evento evangélico que toma as ruas com cânticos religiosos, discursos e manifestações de fé.

Mas um episódio em meio à multidão chamou atenção: enquanto centenas de participantes carregavam bandeiras de Israel, uma jovem brasileira exibiu a da Palestina e foi hostilizada.

Marta Batista, dona de casa que vive em Londres e veio ao Brasil para acompanhar a marcha, foi ameaçada por um homem evangélico. “O Israel mencionado na Bíblia não é o mesmo Estado de Israel governado por Benjamin Netanyahu, um político acusado de crimes de guerra”, disse ela.

“Uma pessoa cristã tinha de orar pela paz, não torcer para um lado. Me chamaram de terrorista”. Ela repetiu alguma vezes “Deuteronômio 25”.

Trata-se de um capítulo do Antigo Testamento que reúne leis civis, familiares e morais aplicadas à sociedade israelita antiga. À luz do que Israel faz com os palestinos em Gaza — como os ataques indiscriminados, cerco, cortes de água, energia, comida, destruição de hospitais e assassinato de civis —, os princípios descritos em Deuteronômio 25 são negados em praticamente todos os aspectos.

O texto bíblico não legitima opressão, humilhação ou massacre de outros povos. Pelo contrário, limita a violência, condena o uso de medidas injustas e exige dignidade até mesmo para os que transgrediram. Ou seja, usar a Bíblia como justificativa para a destruição de um povo civil por parte de um Estado moderno é uma distorção. E se for para citar Deuteronômio, que se cite também seu imperativo contra a injustiça.

O episódio de Marta evidenciou contradições teológicas no evento. Israel não reconhece Jesus como messias, o que confronta diretamente a base da fé cristã. Um genocídio está em curso na Faixa de Gaza. A Terceira Guerra Mundial pode estar sendo gerada pelo fascista corrupto Benjamin Netanyahu.

Ainda assim, é comum ver evangélicos conservadores adotando símbolos israelenses como expressão de apoio ao governo de extrema-direita do país, ignorando as diferenças religiosas e políticas.

A marcha também contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes, que aproveitaram a exposição para reforçar suas imagens junto ao eleitorado evangélico, estratégico para as eleições de 2026. Dois oportunistas numa tarde suja. Tarcísio passeou com a bispa Sônia, organizadora do evento, picareta presa nos EUA escondendo dólares numa Bíblia.

O uso político da fé, somado à desinformação e ao discurso de figuras conservadoras, tem aprofundado distorções religiosas e estimulado um ambiente de intolerância.

A Marcha para Jesus representa a instrumentalização da religião e acirra os conflitos que surgem quando fé e extrema-direita se misturam, com resultados catastróficos.

 

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Last Update: 19/06/2025