
A assessora Mariângela Fialek foi alvo de buscas da Polícia Federal na operação Transparência, que apura irregularidades no período em que atuou como chefe da assessoria parlamentar da Presidência da Câmara, cargo que ocupou durante quase toda a gestão de Arthur Lira (PP-AL), entre março de 2021 e o início de 2025. Conhecida nos corredores do Congresso pelo apelido de “Tuca”, ela está lotada no gabinete da liderança do PP e recebe salário de R$ 23.732,92.
Segundo o Uol, a parceria com o ex-presidente da Câmara a fez ficar famosa entre os parlamentares. O sucesso se traduzia em filas de assessores em buscas de emendas.
Gaúcha, formada em Direito e com mestrado em Direito do Estado pela USP, Mariângela fez carreira como assessora legislativa e especialista em relações institucionais. No Congresso, ganhou reputação por dominar os ritos do Orçamento e por sua capacidade de articulação entre parlamentares de diferentes partidos.
Durante a presidência de Lira, tornou-se uma das figuras mais influentes da Câmara ao operar a distribuição e a liberação de emendas parlamentares, função estratégica especialmente sensível no período do chamado Orçamento Secreto, mecanismo posteriormente declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2022.
Era a ela que deputados recorriam quando buscavam atender demandas de aliados por recursos. À época, Lira concentrava forte controle sobre as verbas incluídas no Orçamento por meio das emendas de relator, e Mariângela era apontada como responsável por organizar listas, destravar pagamentos e acompanhar a destinação dos recursos.
Essa atuação lhe garantiu proximidade com o núcleo duro do poder legislativo e ampliou sua influência política.
Antes de assumir posição de destaque na Câmara, Mariângela acumulou passagens por cargos estratégicos no Executivo. Foi subsecretária de Assuntos de Governo no Estado de São Paulo em Brasília, assessora especial de Relações Institucionais no Ministério do Desenvolvimento Regional e subchefe de Assuntos Parlamentares na Secretaria de Governo da Presidência da República.

Também presidiu ou integrou conselhos fiscais de estatais e empresas públicas, como a PPSA, o BNDES Participações e a Codevasf, conhecida como “estatal do Centrão” pela concentração de recursos oriundos de emendas parlamentares. Mais recentemente, assumiu uma cadeira no Conselho Fiscal da Caixa Econômica Federal.
Além da atuação política, Mariângela construiu um currículo acadêmico e técnico robusto. É professora palestrante em Direito e Ciência Política, já lecionou em cursos do Senado Federal e do Instituto Euvaldo Lodi e participou de formações internacionais em relações governamentais, inclusive na União Europeia. Essa combinação de conhecimento jurídico, trânsito político e experiência administrativa a consolidou como uma operadora-chave do sistema de poder em Brasília.
Operação Transparência
A operação da Polícia Federal que a colocou no centro das atenções apura suspeitas de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção relacionados à destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares.
Embora Arthur Lira não seja alvo direto da ação, o envolvimento de sua ex-assessora mais próxima amplia a pressão política sobre seu entorno. Até o momento, nem Mariângela nem o ex-presidente da Câmara se pronunciaram oficialmente. A PF informou que novas informações devem ser divulgadas ao longo do dia.