A deputada federal Silvia Waiãpi (PL) teve sua cassação determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) na última quarta-feira (19). A decisão unânime do colegiado rejeitou as contas de campanha da parlamentar, acusada de uso ilícito de dinheiro público destinado às eleições de 2022. A denúncia contra Waiãpi foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral do Amapá, baseada em alegações de uma ex-funcionária.
A bolsonarista foi acusada de utilizar R$ 9 mil do fundo eleitoral para custear uma harmonização estética no rosto. Maite Martins Mastop, ex-coordenadora da campanha de Silvia, relatou em detalhes como o procedimento estético facial foi pago.
Em resposta à decisão, a assessoria da parlamentar afirmou em nota que a deputada tomou conhecimento da cassação pela imprensa e que suas contas de campanha haviam sido julgadas e aprovadas previamente pelo TRE-AP. O comunicado destacou ainda que a deputada não foi intimada oficialmente sobre a decisão.
O advogado de Silvia, à época das acusações, declarou que elas eram “totalmente improcedentes” e fruto de “vingança pessoal e intrigas partidárias, bem como discriminação racial” pelo fato de ela ser indígena.
Waiãpi, que se apresenta no Instagram como “mãe, avó, indígena, militar, republicana conservadora”, diz defender causas como a mulher, criança, família e se diz “embaixadora da paz”. Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ela foi eleita em 2022 com a bandeira de defesa dos indígenas, mas reclamou durante a campanha de ter recebido pouca atenção do partido.
Antes de se tornar deputada federal, Silvia foi a primeira mulher indígena a ingressar no Exército Brasileiro, em 2011. Ela também ocupou cargos como secretária nacional da Saúde Indígena e no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, ligado ao antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Em 2018, Silvia foi uma das quatro mulheres no grupo de transição de Jair Bolsonaro. Em 2022, foi eleita deputada federal com o menor número de votos no Brasil, recebendo 5.435 votos, apoiada por figuras bolsonaristas como Eduardo Bolsonaro, Damares Alves e Carla Zambelli.
Antes mesmo de assumir o mandato na Câmara, Waiãpi foi investigada por apoiar os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a parlamentar postou vídeos dos eventos com legendas incitando a tomada de poder, o que levou o Supremo Tribunal Federal a investigá-la por incitação ao crime.
Além disso, Silvia foi criticada por comentários transfóbicos na Câmara dos Deputados. Durante uma sessão da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, ela afirmou ser obrigada a aceitar “mulheres que são homens”, o que gerou uma intervenção da presidente da comissão, Célia Xakriabá (PSOL-MG), que lembrou que transfobia é crime.