Os incêndios no Pantanal consumiram mais de 61 mil hectares nos últimos quatro dias, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já no período de 1º de janeiro até esta quinta-feira 27, o fogo atingiu 688.125 hectares do bioma.
De acordo com a coordenadora do laboratório, Renata Libonati, apesar das condições adversas impostas pelos efeitos da mudança climática, o incêndio só ocorre se houver alguma ignição. Uma análise técnica constatou que não houve a ocorrência de raios na região entre maio e junho e, por isso, as causas seriam de origem humana. “Mesmo havendo proibição do uso do fogo em qualquer circunstância, os incêndios continuam acontecendo.”
Ela explica que seca extrema, temperaturas acima do normal e vegetação predisposta a incêndios dificultam o trabalho de contenção do fogo, mesmo com as temperaturas mais amenas nos últimos dias.
O Ministério Público Estadual informou terem sido identificados 18 pontos de ignição em 14 locais de 12 propriedades privadas, de acordo com o promotor de Justiça do Núcleo Ambiental Luciano Furtado Loubet.
Governo federal
Em visita a Corumbá (MS), onde há maior incidência de fogo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um apelo: “Se não pararmos de colocar fogo, não tem quem consiga dar conta dessa junção perversa de El Niño com La Nina – não tivemos sequer um interstício -, mudança do clima e escassez hídrica severa, porque o Pantanal não tem mais atingido a cota de cheia”.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, que esteve na comitiva do governo federal em Mato Grosso do Sul, disse que haverá todo o empenho necessário de recursos para combater o fogo na região. “Orçamento não vai faltar, mas nenhum orçamento do Brasil e de organismos internacionais vai ser suficiente se nós não tivermos uma campanha de conscientização e de responsabilização para os incêndios criminosos no Pantanal e em todos os biomas brasileiros.”
O enfrentamento aos incêndios no Pantanal conta com o trabalho de 280 pessoas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o Icmbio; de 250 militares das Forças Armadas; de 40 agentes da Força Nacional de Segurança Pública; e de 169 homens do Corpo de Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul.
“A mão humana pode fazer muita coisa boa, como estamos fazendo aqui, mas pode fazer também muitas coisas indesejáveis, como queimar um bioma único como o Pantanal”, enfatizou Marina.
(Com informações da Agência Brasil)