Nove em cada dez negócios brasileiros têm origem familiar, segundo o IBGE. Essas organizações empregam 75% dos trabalhadores do País e respondem por 65% do PIB. Por isso, quem planeja abrir uma empresa com parentes precisa adotar medidas para reduzir riscos e preservar relações pessoais e profissionais.
O advogado João Victor Duarte Salgado afirma que o primeiro passo é separar vida familiar da vida societária. Ele explica que um acordo de sócios ajuda a definir funções, prever soluções para conflitos e limitar responsabilidades no negócio. Salgado reforça ainda que contar com um profissional externo ao núcleo familiar facilita a mediação quando surgem impasses.
De acordo com o especialista do escritório Celso Candido de Souza Advogados, a ausência dessas precauções tende a afetar todos os envolvidos. Ele afirma que a mistura de problemas pessoais com decisões empresariais gera atritos, desgastes e perda de confiança, impacto que pode comprometer a continuidade da empresa.
A seguir, o advogado lista quatro cuidados importantes para quem pretende abrir um negócio com parentes.
Escolha do sócio
Salgado destaca que a escolha do sócio não deve se basear apenas no vínculo entre parentes. A decisão precisa considerar afinidade profissional e objetivos compatíveis. A relação societária deve priorizar a gestão eficiente e a continuidade do negócio.
Papel de cada sócio
Outro ponto citado pelo advogado é a definição clara das funções. Segundo ele, quando todos atuam na mesma área, outras ficam sem supervisão, criando gargalos. Dividir responsabilidades entre operacional, comercial, financeiro ou administrativo ajuda a manter o negócio organizado.
Profissionais externos
O especialista recomenda a presença de profissionais que não façam parte da família. Esse apoio oferece visão independente e reduz conflitos. Além disso, opiniões externas ampliam a capacidade de análise e evitam que discussões pessoais prejudiquem decisões importantes.
Lucros e preservação da empresa
Por fim, Salgado lembra que a empresa existe para gerar lucro e deve ser protegida por todos os sócios. Ele afirma que decisões precisam considerar o impacto coletivo, independentemente do vínculo entre parentes.
No encerramento, o advogado reforça que acordos bem estruturados e divisão clara de responsabilidades são fatores que ajudam negócios formados por parentes a operar com mais segurança e previsibilidade.