Ao divulgar o cronograma de pagamentos do Bolsa Família em julho, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) divulgou que quase 1 milhão de beneficiários do Bolsa Família (958 mil) deixaram o programa neste mês ao alcançar estabilidade financeira com o aumento de suas rendas. Contribui para este cenário o mercado de trabalho aquecido sob o governo Lula e o cruzamento de dados com o Cadastro Único (CadÚnico) — porta de entrada para o programa.
“Isso é fruto de um trabalho de qualificação profissional, de apoio ao empreendedorismo, garantindo que as pessoas tenham condições de elevar a renda”, disse o ministro do MDS, Wellington Dias.
De acordo com a pasta, a maioria das famílias, 536 mil, cumpriu o prazo máximo de 24 meses de Regra de Proteção, com recebimento de “50% do valor a que têm direito, por terem alcançado uma renda per capita entre R$ 218 e meio salário mínimo.”
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Apesar de saírem do programa em julho, estas famílias estão protegidas pelo “Retorno Garantido”, com prioridade para retornar ao programa caso voltem à situação de pobreza.
Além desse grupo, deixaram o Bolsa Família “outros 385 mil domicílios que ultrapassaram R$ 759, meio salário mínimo, de rendimento por pessoa em julho. Elas tiveram um aumento de renda maior que o limite da Regra de Proteção.”
Segundo o governo, a modernização do sistema do Cadastro Único e o cruzamento com outras bases de dados permitiu uma avaliação mais precisa para conceder os valores. Agora as informações de renda familiar são atualizadas automaticamente.
Esse compromisso do governo Lula com a concessão do Bolsa Família para quem realmente precisa, somada às menores taxas de desemprego da história do país e o crescimento econômico, permitiu que, desde 2023, cerca de 8,6 milhões de famílias deixassem o Bolsa Família.
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Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que das 1,69 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024, 98,87% foram ocupadas por pessoas cadastradas no CadÚnico, sendo que 1,27 milhão (75,5%) eram beneficiários do Bolsa Família.
Ainda conforme o ministério, o programa neste mês alcançará 19,6 milhões de famílias, atendendo 51,2 milhões de pessoas. O valor total do repasse é de R$ 13,16 bilhões e o valor médio do benefício é de R$ 671,52 por família.
Combate à desinformação
A notícia é fundamental em um país em que as fake news persistem. Nos últimos meses uma série de ataques ao benefício ocorreu por parte de empresários. No mais célebre deles, o bilionário Ricardo Castellar de Faria, conhecido como “Rei do Ovo”, dono da Granja Faria, disse que é difícil contratar funcionários no Brasil por causa do Bolsa Família.
Com essa afirmação ofensiva, ele insinua que as pessoas se mantêm em condições paupérrimas para ter acesso ao programa. Uma mentira cruel desmentida novamente pelos dados que apontam a grande diminuição de beneficiários à medida que o emprego avança no país.
O que o bilionário não divulga é que ele construiu seu império com base em financiamento público, cerca de 71 empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com valor total superior a R$ 130 milhões. Além disso, Faria responde em inquérito do Ministério Público do Trabalho (MPT) do Piauí por irregularidades em contratos trabalhistas.