Quaquá acusa Anielle de manter funcionário fantasma; ministra diz que vice do PT promove perseguição política

Um dos vice-presidentes nacionais do PT, o prefeito de Maricá (RJ) Washington Quaquá, confirmou a CartaCapital que acionará o Conselho de Ética do partido contra a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, por suposto envolvimento com um funcionário fantasma na prefeitura da cidade fluminense. Este é o mais recente capítulo da troca de farpas pública entre os dois.

O pivô da história seria Alex da Mata Barros, ex-assessor da prefeitura de Maricá, que, segundo o dirigente petista, trabalhou no Ministério da Igualdade Racial enquanto estava lotado em uma autarquia municipal voltada à realização de obras públicas na cidade. Ele havia sido nomeado na Somar em 2021 e deixou o cargo em janeiro deste ano.

Barros foi contratado pela pasta de Anielle em maio de 2024 para atuar como consultor do Projeto Gente Negra Reconstrução e Desenvolvimento. A ministra nega as acusações e diz ser vítima de “perseguição política” de Quaquá. Em nota, também afirmou que não serão “toleradas” tentativas de “desinformação e fake news” contra ela, prometendo respondê-las através das medidas cabíveis.

Além disso, o ministério da Igualdade Racial explicou que a vaga de consultor foi oferecida pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina, seguindo critérios e padrões internacionais informados pela instituição. “Foram analisados currículos e propostas de candidatos que se inscreveram”, prossegue a nota, acrescentando que “os selecionados têm experiência e capacidade técnica” para a vaga.

O embate entre Quaquá e Anielle teve início após o vice-presidente do PT afirmar crer na inocência dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de encomendar a morte da vereadora Marielle Franco, irmã da ministra que foi assassinada em março de 2018, e do seu motorista Anderson Gomes. Após as declarações, a auxiliar de Lula acionou o Conselho de Ética contra seu correligionário.

Na representação, a ministra defendeu que o partido repudie “toda e qualquer tipo de tentativa de desqualificar e deslegitimar a luta por justiça liderada por familiares de Marielle e Anderson e os contínuos esforços de atores do sistema de justiça e governo federal que buscam a elucidação” do crime.

Ela também solicitou que as declarações de Quaquá fossem “averiguadas e responsabilizadas de acordo com o estatuto do Partido dos Trabalhadores, tendo em vista toda contradição de seus atos com o cargo que ocupa na direção executiva”. À época, o dirigente partidário afirmou à reportagem que não comentaria o pedido de Anielle por considerá-lo “descabido”.

A ministra da Igualdade Racial filiou-se ao PT no ano passado, na esteira das discussões sobre uma possível indicação da sigla na chapa encabeçada pelo pessedista Eduardo Paes, candidato à reeleição no Rio de Janeiro. Seu nome foi preterido, mas dirigentes partidários defendem que a ministra dispute uma cadeira no Senado em 2026.

O assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes ocorreu em março de 2018. Chiquinho e Domingos Brazão estão presos por terem encomendado sua morte. As investigações da Polícia Federal apontam que o motivo do crime foi a atuação parlamentar da vereadora do PSOL em regiões de milícia onde os irmãos atuavam.

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