A eleição no Reino Unido revelou a importância de um partido revolucionário, capaz de intervir conscientemente na luta de classes, a exemplo do Partido da Causa Operária (PCO). Em contraste com a opinião genérica e confusionista do conjunto da esquerda pequeno-burguesa internacional, o PCO vinha alertando, há anos, para o que estava acontecendo dentro do Partido Trabalhista britânico.
Apesar de o partido historicamente vinculado aos sindicatos ter vencido as recentes eleições parlamentares, a vitória de Keir Starmer não empolgou a esquerda. Esse desânimo é, na verdade, uma comprovação de que a análise do PCO estava certa. É como se a esquerda dissesse: “o PCO está certo novamente, esse tal de Keir Starmer é uma farsa”.
Em artigo recentemente publicado neste Diário, constam uma série de denúncias contra o mais novo primeiro-ministro britânico. Entre as denúncias, está a declaração do jornal britânico MintPres, que diz: “Starmer é uma espécie de golpe de Estado dentro do Partido Trabalhista”. Pode-se dizer, na verdade, que é mais que isso: Starmer foi uma peça-chave em uma espécie de golpe de Estado há alguns anos, uma vez que ele teria sido a pessoa que convenceu o Partido Trabalhista a voltar atrás na questão do plebiscito do Brexit – isto é, a saída da União Europeia. A manobra de Starmer acabou sendo a principal causa da derrota de Jeremy Corbyn na eleição passada. Graças à pressão de Starmer contra a política de Corbyn, o Partido Conservador se apossou da bandeira do Brexit, fazendo com que Corbyn perdesse a eleição.
Starmer também foi uma peça-chave na perseguição a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, no Reino Unido. O primeiro-ministro, inclusive, teria ameaçado a Justiça sueca, que estava tentando conseguir a extradição do Assange para a Suécia, segundo MintPress.
Pelo papel que Starmer desempenhou no último período, pode-se concluir que sua vitória só pode ser obra dos serviços de inteligência britânicos. Eles criam fatos políticos, fazem falsas denúncias, manipulam os candidatos. Fazem de tudo. Starmer é a representação disso. Não é um candidato esquerdista, não é um candidato a favor do povo, é ultra sionista. É um candidato de direita, mais de direita que o seu antecessor.
A farsa encabeçada por Starmer levou, por sua vez, a um fenômeno importante. Os candidatos independentes tiveram uma votação bastante expressiva. Como resultado disso, George Galloway e Jeremy Corbyn, duas lideranças importantes da esquerda britânica, firmaram uma aliança. No entanto, ainda que o gesto seja positivo, a proposta é muito limitada. Afinal, o que a classe operária britânica precisa é de um partido operário, não de uma aliança eleitoral.
A aliança eleitoral poderia ser, nesse caso, um primeiro passo da formação do partido operário. É preciso romper definitivamente com o Partido Trabalhista, sob o risco de a classe operária acabar indo parar no colo da extrema direita.