Montagem de Ciro Gomes publicada durante a “guerra dos bonés”. Foto: Reprodução

Ciro Gomes vem tentando virar trabalhista desde 2002, quando Brizola o adotou como candidato a presidência com o aval do PDT, apesar de concorrer pelo PPS. Desde então, já foi visto como nome da esquerda e nacionalista. Mas que se transformou em 2022 em mais um nome da direita.

Ciro correu para os braços do que seria um centro em busca de uma terceira via, mas adotou uma postura confusa. Até ser visto como alguém que perde identidade e não sabe mais o que era, além de ser antipetista e antilulista.

Sua trajetória, em quatro tentativas de chegar à presidência, tem o pior momento em 2022, quando chega ao primeiro turno definhando, sem uma feição própria, sem discurso e sem eleitorado.

Em 1998, concorrendo pelo PPS, Ciro teve 10,9% dos votos. Em 2002, também pelo PPS mas com apoio de Brizola, ficou com 11,9%. Em 2018, já pelo PDT, conseguiu sua melhor performance, com 12,5%. E em 2022 obteve apenas 3%.

Esse Ciro que se assanha de novo esse ano, em decorrência da decisão do PDT de se afastar do governo Lula, ganha fôlego com pesquisas que lhes devolvem algo próximo dos 11% que obtinha até 2018. E o Datafolha mostra que ele seria competitivo numa eleição sem Lula e Bolsonaro.

Mas que Ciro Gomes teremos, se decidir se apresentar pela quinta vez, sabendo-se do ressentimento com Lula e o PT e com a sua incapacidade, depois do fiasco de 2022, de convencer que tem alguma coerência política?

Ciro Gomes e Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência. Foto: Reprodução

Ciro já andou dizendo, sobre a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, por causa do escândalo no INSS, que a saída do pedetista foi “uma indignidade inexplicável” e que estava “muito envergonhado”. O que não quer dizer nada.

Ciro pode apostar, pensando desde já em 2026, na fidelização da base mais conservadora, próxima do bolsonarismo, e a partir daí tentar alagar seu alcance à direita tradicional e reacionária, mas não fascista nem simpatizante das ideias de Bolsonaro.

É difícil que funcione, porque ele não tem a confiança da direita. O mais provável é que se apresente como uma assombração. Mas ninguém pode duvidar do que o eleitor é capaz de fazer.

Se fosse possível entrar na cabeça do neotrabalhista agora, teríamos um ambiente bem confuso, porque nem ele sabe direito o que pode vender como discurso. Porque ser antilula não basta. E o que é ser trabalhista hoje?

Ciro é agressivo e cruel com seus inimigos, e também não é, por simplificações grosseiras, uma versão 5.0 do coronel do Nordeste, à moda da primeira metade do século 20.

Mas com certeza nem ele sabe direito o que é ou possa vir a ser. Ciro é um nome envelhecido em busca de uma nova fantasia. Há pouco, na guerra dos bonés dos bolsonaristas trumpistas com os lulistas, Ciro fez o seu.

Apareceu com um boné amarelo que dizia: “Vão trabalhar, vagabundos”. Mas há pelo menos 10 anos ninguém sabe dizer no que Ciro trabalha.

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Last Update: 07/05/2025