
Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica prepara o Conclave que escolherá o novo pontífice. O Brasil, país com a maior população católica do mundo, conta atualmente com oito cardeais aptos a participar da eleição. Desses, sete têm direito a voto, por estarem abaixo dos 80 anos, e podem, inclusive, ser escolhidos como novo papa.
Dom Odilo Scherer – São Paulo (SP)
Arcebispo da capital paulista desde 2007, Dom Odilo é uma das figuras mais influentes da Igreja no Brasil. Nomeado cardeal por Bento XVI, tem ampla experiência em Roma, especialmente na Congregação para os Bispos. Conhecido pelo equilíbrio e postura firme em temas sociais, é frequentemente citado como um dos nomes brasileiros mais cotados para o papado.
Dom Orani João Tempesta – Rio de Janeiro (RJ)
À frente da Arquidiocese do Rio desde 2009, Dom Orani foi nomeado cardeal em 2014. Teve papel central na organização da Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio, e é reconhecido por sua dedicação pastoral e habilidade de articulação.
Dom Paulo Cezar Costa – Brasília (DF)
Nomeado cardeal por Francisco em 2022, é arcebispo da capital desde 2020. Com formação sólida em Teologia e presença ativa na CNBB, representa uma geração mais jovem no Colégio Cardinalício e é considerado um nome promissor.

Dom Leonardo Ulrich Steiner – Manaus (AM)
Cardeal da Amazônia desde 2022, Dom Leonardo é uma voz de destaque nas pautas ambientais e sociais. Sua atuação na região amazônica e compromisso com os povos tradicionais dão a ele visibilidade internacional dentro da Igreja.
Dom Sérgio da Rocha – Salvador (BA)
Com ampla trajetória pastoral, foi cardeal-arcebispo em Brasília antes de assumir a Arquidiocese de Salvador. Destaca-se por sua atuação em defesa dos pobres e pelo envolvimento com os trabalhos da CNBB e do Vaticano.
Dom Jaime Spengler – Porto Alegre (RS)
Presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, foi criado cardeal por Francisco em 2023. Com passagens por Jerusalém e Israel durante sua formação, é conhecido pelo diálogo com as bases e pela defesa da renovação da Igreja.
Dom João Braz de Aviz – Vaticano (Emérito de Brasília)
Cardeal desde 2001, atuou como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada até 2023. Com experiência internacional e forte ligação com as ordens religiosas, ainda está abaixo dos 80 anos e, portanto, apto a votar.
Cardeal sem direito a voto:
Dom Raymundo Damasceno Assis – Emérito de Aparecida (SP)
Com 88 anos, está fora do colégio eleitoral por limite de idade, mas ainda pode, teoricamente, ser eleito papa. Foi presidente da CNBB e é uma das figuras mais respeitadas do episcopado brasileiro.
Como funciona o Conclave
A escolha do novo pontífice segue as normas da Constituição Apostólica de 1996, promulgada por João Paulo II. O processo é conhecido como Conclave e consiste em um período de recolhimento reservado aos cardeais eleitores, que se reúnem no Vaticano para deliberar e votar no futuro papa. Durante esse período, todos os cardeais com menos de 80 anos ficam hospedados na Casa Santa Marta, alojamento dentro da Cidade do Vaticano. Os cardeais são divididos em três ordens: diáconos, presbíteros e bispos.

As atividades diárias incluem orações e celebrações litúrgicas pela manhã e à tarde, seguidas das sessões de votação. A participação dos cardeais eleitores é obrigatória e a convocação é feita pelo cardeal mais velho, o decano.
A votação ocorre duas vezes por dia e é realizada de forma secreta. Cada cardeal escreve em uma cédula o nome do candidato escolhido. Três cardeais são designados como escrutinadores para contar os votos. Para ser eleito, o candidato precisa alcançar dois terços dos votos dos presentes. Se ninguém atingir essa maioria, as cédulas são queimadas e uma fumaça negra é liberada pela chaminé da Capela Sistina, sinalizando que o processo continua. Quando alguém é escolhido e aceita o cargo, uma fumaça branca anuncia ao mundo que o novo papa foi eleito.
Caso algum cardeal esteja impossibilitado de deixar seu quarto por questões de saúde, uma urna especial é levada até ele por outros três cardeais. Se após três dias de votações não houver definição, o processo é interrompido por um dia de oração. Após esse intervalo, as votações são retomadas. Se ainda assim não houver consenso após sete tentativas, uma nova pausa é feita. Em seguida, os cardeais podem optar por decidir entre os dois nomes mais votados no último escrutínio, sendo necessária apenas maioria absoluta.
“Em todo caso, não se pode deixar de concluir a eleição de forma válida, seja com maioria absoluta, seja com a votação restrita aos dois mais votados da rodada anterior”, afirma o professor Felipe Aquino, da Fundação João Paulo II.